Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, Vol. 6, No 3 (2011)

 

Discovery of the largest lungless tetrapod, Atretochoana eiselti
(Taylor, 1968) (Amphibia: Gymnophiona: Typhlonectidae),
in its natural habitat in Brazilian Amazonia
Descoberta do maior Tetrapoda apulmonado, Atretochoana eiselti
(Taylor, 1968) (Amphibia: Gymnophiona: Typhlonectidae),
em seu habitat natural na Amazônia brasileira



Abstract: We report the occurrence of the limbless and lungless tetrapod, Atretochoana eiselti, in two widely separated Brazilian Amazonian lowland localities, one (Mosqueiro island and Baía de Marajó, Belém) near the mouth of the Amazon river and another (Cachoeira Santo Antônio) near the border between Brazil and Bolivia in the Madeira river. It is shown that this species is not an inhabitant of cool, oxygen rich and fast running water in elevated localities as supposed until now, but on the contrary occurs in warm (24-30 °C), turbid, fast running water in the lowland Brazilian Amazon basin. We describe the probable habitat and three freshly preserved specimens (one male, two females) and compare them to the only two specimens known; some data are provided about the biology of this species, that seems to have a wide distribution in Brazilian Amazonia and possibly also occurs in other countries, like Bolivia.

Resumo: Registra-se a ocorrência do maior Tetrapoda ápode e apulmonado, Atretochoana eiselti, em duas localidades na bacia amazônica brasileira, amplamente separados entre si e ambos a baixas altitudes: um próximo à foz do rio Amazonas (ilha de Mosqueiro e baía de Marajó, Belém, Pará) e o outro no rio Madeira (Cachoeira Santo Antônio, Rondônia), próximo à fronteira entre Brasil e Bolívia. Fica claro que essa espécie não habita águas frias, em ambiente de correnteza saturado de oxigênio, a grandes altitudes, como se supunha até agora, mas, ao contrário, habita águas quentes com temperaturas em torno de 24-30 ºC, turvas, com correnteza, nas terras baixas da bacia amazônica brasileira. Descreve-se o habitat provável da espécie e três novos exemplares (um macho, duas fêmeas) recém-coletados, comparando-os com os dois exemplares já conhecidos, e apresentam-se alguns dados sobre a biologia dessa espécie, que parece ter distribuição ampla na Amazônia brasileira e possivelmente pode ocorrer em outros paises, como a Bolívia.