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Agência de Notícias

A Ciência construída coletivamente

Potencial e colaboração bilateral para expandir as pesquisas na região é o que querem estudiosos do Brasil e do Reino Unido
publicado: 02/10/2013 12h10, última modificação: 15/08/2017 10h05

Agência Museu Goeldi, da Floresta Nacional de Caxiuanã - Avaliar o potencial de tecnologias e auxiliar na instalação de incubadoras de empresa é o que faz o representante da Universidade de  Nottingham, Dr.Alan Burbidge, um dos britânicos que participa do grupo que está na Amazônia para explorar possibilidades de cooperação bilateral no campo da pesquisa de recursos naturais.

Ele e outra dezena de especialistas visitam desde ontem, 1º, a Estação Científica Ferreira Penna, na Floresta Nacional de Caxiuanã, em Melgaço no Pará, como parte dos trabalhos do Seminário Biodiversidade, Inovação e Sustentabilidade que acontece no Museu Paraense Emilio Goeldi em Belém, na quinta e sexta-feira, 3 e 4 de outubro.

Diversidade e recursos - Uma variedade de interesses trouxe brasileiros e britânicos para a região para tratar de temas do desenvolvimento sustentável a partir da capacidade inventiva que gera produtos e processos no campo da inovação. Tony Hartwell, da Environmental Sustainability Knowledge Transfer Network/Rede de Transferência de Tecnologia sobre Sustentabilidade Ambiental (ESKTN) da Universidade de Oxford, que atua no campo da indústria de mineração, enxerga algumas possibilidades de obtenção de fundos - junto a grandes mineradoras - que necessitam de estudos da biodiversidade. Um campo de ampla experiência no Museu Goeldi.

Mas essa é uma entre tantas opções, como bem lembrou Ulisses Galatti, coordenador de pesquisas e pós-graduação do Museu, instituição anfitriã do grupo de especialistas. Galatti falou da amplitude das áreas de interesse e de atuação do Museu com ênfase que vai além da biodiversidade, mas que encontra, nas dinâmicas sociais, processos resultantes das alterações ambientais, como fazem os estudos de uso e ocupação da terra na Amazônia.

Os especialistas reunidos com pesquisadores do Museu representados pela bióloga Marlúcia Martins, o ecólogo Leandro Ferreira e com a presença do meteorologista Antonio Lola da Costa, da Universidade Federal do Pará, discutiram na tarde desta terça-feira, dia 1º, algumas das possibilidades de cooperação científica. Além das pesquisas em si, a formação de recursos humanos no nível da pós-graduação é outra das concretas formas de parceria entre Brasil e Reino Unido.

Saiba mais sobre Caxiuanã

Alguns tipos de vegetação

Florestas alagadas de várzea - alagadas por rios com sedimentos.

Florestas de igapó - alagadas por rios sem sedimentos e definidas a partir de conceito estabelecido por Sir Ghillean Prance, botânico estudioso da Amazônia, que auxiliou nas negociações de estabelecimento da Estação Científica Ferreira Penna, na Floresta Nacional de Caxiuanã, em 1993 e que lidera a comitiva de especialistas britânicos em visita à região.

Campinarana - terrenos de solo arenoso rico em espécies endêmicas - que só ocorrem naquele dado local - e ameaçados pela exploração de areia para a construção civil. Vegetação flutuante, autêntico tapete vegetação herbácea - se vê nas viagens de barco pelos rios da região.

Espécies encontradas, descobertas e ameaçadas

Dos estudos desenvolvidos em 20 anos da Estação Científica, pesquisadores identificaram 1500 espécies de flora, dentre as quais muitas ameaçadas de extinção como a castanheira, a sucupira, o angelim pedra, a maçaranduba e a virola.

Entre os animais, 1800 espécies foram encontradas e dentre os ameaçados de extinção está o cuxiú cinza (Chiropotes utahichae), a ave símbolo do Brasil, a ararajuba (Guaruba guarouba) e o pirarucu (Arapaima gigas) além de três espécies de arraia.

As apresentações na tarde da terça-feira, dia 1º, ficaram com a coordenação do Projeto de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (Peld), coordenado pelo pesquisador do Museu Goeldi, Leandro Ferreira que integra outros cinco projetos de pesquisa o Programa de Pesquisas em Biodiversidade (PPBio),  a Rede de Avaliação e Monitoramento de Ecologia Tropical (Team), o Estudo da Seca na Floresta (Esecaflor), a Rede Amazônica de Inventários Florestais (Rainfor)  e o projeto de Monitoramento da Dinâmica Vegetal nas Florestas Alagadas.

Com protocolos definidos que permitem a comparação de dados obtidos em pesquisas ao redor do Planeta, o Peld faz inventário e monitoramento de espécies, aborda serviços ecossistêmicos como os processos de polinização e estuda o uso de recursos de madeira a peixes.

Terra preta: riqueza de nutrientes

Outro tema de interesse durante a sessão de trabalho foi o solo do tipo Terra Preta Arqueológica, com 32 sítios identificados em Caxiuanã, que são terrenos de grande concentração de matéria orgânica originado na ocupação humana da área há milhares de anos.

 

Texto: Jimena Felipe Beltrão