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Agência de Notícias

A conservação de acervos do Museu Goeldi: um desafio constante

A diversidade de materiais e o clima da região amazônica instigam a vida dos curadores de coleções da instituição a uma vigilância constante para conservar as famosas coleções científicas, bibliográficas e documentais do Goeldi. Atualmente, uma pesquisadora portuguesa desenvolve minucioso trabalho de conservação em peças constituídas por cerâmicas, ligas metálicas, peles de animais e plumárias
publicado: 03/04/2018 15h45, última modificação: 18/04/2018 10h29

Agência Museu Goeldi – Belém possui, em média, umidade relativa do ar acima de 80%. No ambiente doméstico, a proliferação de fungos é uma das consequências da alta umidade, o que exige uma série de cuidados relativos à saúde humana. O Museu Paraense Emílio Goeldi abriga 19 acervos científicos com cerca de 4,5 milhões de itens tombados e os desafios à sua conservação são crescentes tendo em vista a preservação de diferentes materiais.

Hoje, três coleções do Museu Goeldi contam com a ajuda da pesquisadora portuguesa Maria Miguel Simas. Desde julho de 2016, ela desenvolve um minucioso trabalho de conservação preventiva e de restauro de peças cerâmicas, ligas metálicas, fibras vegetais, plumárias, peles animais e jogos educativos, que compõem as coleções arqueológica, etnográfica e didática. Mestre em Conservação e Restauro pela Universidade Nova de Lisboa, Simas realiza o seu trabalho no âmbito do Programa de Capacitação Institucional do Museu Goeldi, para qual apresentou diagnósticos sobre o espaço físico que abriga os objetos e as condições da sua manutenção. Na proteção dos acervos, os curadores de coleções têm como inimigos a umidade, variação de temperatura, poeira e fungos, assim como intervenções humanas danosas.

“Tanto na coleção de arqueologia, como na de etnografia, os conservadores convidados através do Programa de Capacitação Institucional realizaram trabalhos num período de um a três meses. Então não chegavam a intervir. Eu tive a oportunidade de intervir em vários objetos. Além disso, consegui formar alguns alunos que vinham até mim e que queriam trabalhar, mas é necessário fazer muito mais. O trabalho de conservação é um trabalho permanente e é para mais de uma pessoa em cada uma das reservas”, destaca Maria Simas, que também assessora na conservação do patrimônio histórico do Parque Zoobotânico.

Atualmente, Simas trabalha na conservação e restauro das esculturas que decoravam o Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna (Rocinha). E o desafio é grande: a pesquisadora tem a missão de encontrar o lugar de cada um dos 200 fragmentos da escultura lateral esquerda com base num único registro fotográfico da frente do objeto.

Em relação à coleção didática, acervo utilizado principalmente em exposições e ações educativas e lúdicas com sociedade, em especial escolares, idosos e militares, a pesquisadora chamou a atenção para a importância desse material, que é essencial para divulgar as pesquisas feitas no Museu Goeldi. Apesar de não possuir o mesmo caráter das coleções científicas, que têm um protocolo de acesso mais rigoroso, o principal desafio para a conservação de jogos educativos e objetos de exposição são as condições de abrigo das peças e o frequente manuseio.

“No Parque Zoobotânico, as coleções têm um caráter mais didático, de comunicação. Não é um objeto de arte, mas ao mesmo tempo não se deve descuidar da sua preservação. É preciso desenvolver mecanismos para que eles possam perdurar mais tempo”, acrescenta Maria.

Wanda Okada, coordenadora de Museologia do Goeldi, ressalta o impacto positivo do trabalho desenvolvido pela pesquisadora: “O olhar dela é muito importante para que a gente repense também alguns pontos quando formos elaborar as exposições, como as condições climáticas, luminosidade e até a estrutura do edifício que vai abrigá-las”, destaca.

Texto: Phillippe Sendas.