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Agência de Notícias

A vida do povo tikuna na tríplice fronteira

Nova publicação do Museu Goeldi apresenta estudo que discute a relação das populações que vivem em territórios fronteiriços e os estados nacionais.
publicado: 01/06/2015 12h15, última modificação: 23/02/2018 09h04

Agência Museu Goeldi – Como agem os estados nacionais ao se depararem com culturas milenares que vivem em territórios transnacionais? O livro “Tikunas brasileiros, colombianos e peruanos: etnicidade e nacionalidade na região das fronteiras do alto Amazonas/Solimões” apresenta aos leitores da língua portuguesa e castelhana uma pesquisa antropológica com uma das maiores populações indígenas do noroeste amazônico. A publicação é de autoria da pesquisadora Claudia López Garcés, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e será lançada na XIX Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém (PA), no próximo 02 de junho.

O livro é resultado da tese de doutorado da antropóloga Claudia López, e foi indicada pelo Centro de Pós-Graduação e Pesquisa para a América Latina e o Caribe (CEPPAC) da Universidade de Brasília (UnB) para concorrer ao prêmio MOST (Management of Social Transformations) para Tese de Doutorado, promovido pela UNESCO. A tese de Claudia ficou entre as oito finalistas da edição 2000-2001 do MOST e constitui uma ampla contribuição ao estudo de populações em áreas de fronteira.

López Garcés investigou como as políticas indigenistas dos países onde os tikuna ocupam territórios – Brasil, Peru e Colômbia – influenciaram no modo de vida desse povo. O trabalho etnográfico mostra tensões e impactos entre distintas construções sociais. “Os estados nacionais são construções sociais bem mais recentes e quero mostrar esse confronto entre uma territorialidade indígena, que é de uma tradição histórica muito mais profunda, e os estados nacionais, que também são tradições inventadas, mas que são estruturas mais recentes”, explica Claudia.

A motivação de Claudia para pesquisar o povo tikuna foi a oportunidade de conhecer a Amazônia. López é colombiana e já tinha realizado pesquisas com populações da área andina, mas fez da chance de um doutorado no Brasil um momento adequado para entrar em contato com os estilos de vida dos povos da região amazônica. “A Amazônia é um ecossistema, um espaço de muita diversidade cultural que é importante para o mundo inteiro e pra mim, até então, era um espaço desconhecido”, resume.

A pesquisadora chama a atenção que a temática “fronteiras e populações indígenas” é um assunto pouco explorado no meio acadêmico e que ganha importância no início do século XXI. Para ela, seu estudo ajuda no entendimento sobre a formação dos Estados-Nação. “Muitas vezes, a gente, quando pensa no Estado, temos a ideia de que sempre foi assim: que nós nascemos no Estado, que ele permeia a nossa vida, que é uma questão indiscutível (...) entretanto, anteriormente já existiam outras construções sociais, que estão interagindo e criando novas dinâmicas sociais na relação com o Estado-Nação, como a do grupo indígena tikuna, que vive há mais de 4.000 anos na região amazônica”, pondera López Garcés.

 Sobre a pesquisadora - Nascida na Colômbia, a Dra. Claudia Leonor Lopéz Garcés graduou-se em Antropologia pela Universidad Del Cauca, em 1991. Fez mestrado em Antropologia Andina na Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO), no Equador, em 1995. O Doutorado foi concluído no ano 2000, no CEPPAC/ Universidade de Brasília - UnB.

Atualmente, Claudia Lopéz é pesquisadora titular e curadora da Coleção Etnográfica Reserva Técnica Curt Nimuendaju do Museu Goeldi professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA). Realiza pesquisas na área de Etnologia Indígena, com ênfase em etnicidade e nacionalidade, antropologia em fronteiras, políticas indigenistas, conhecimentos tradicionais e agrobiodiversidade indígena. Já publicou diversos trabalhos sobre outras etnias indígenas, como os Yanaconas e Quillacingas, nos Andes Colombianos, e os Karipuna que habitam as áreas de fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa. Seu trabalho de pesquisa atual tem como tema os grupos indígenas Mebêngôkre-Kayapó e Ka´apor, cujo objetivo é compreender as relações destes povos com o ambiente e as sociedades do entorno das aldeias.

O livro “Tikunas brasileiros, colombianos e peruanos: etnicidade e nacionalidade na região das fronteiras do alto Amazonas/Solimões” é uma edição bilíngue, com textos em português e espanhol da pesquisa. O livro será vendido pela Livraria do Museu Emílio Goeldi. Para mais informações, clique aqui. Para assistir ao book trailer da publicação, clique aqui, ou acesse o canal do Museu Goeldi no Youtube, aqui.

Serviço

Lançamento do livro “Tikunas brasileiros, colombianos e peruanos: etnicidade e nacionalidade na região das fronteiras do alto Amazonas/Solimões” na XIX Feira Pan-Amazônica do Livro

Data: 02/06/2015

Hora: 18h

Local: Hangar – Centro de Convenções da Amazônia (Trav. Dr. Freitas, s/n – Belém-PA)

Texto: Victor Lopes