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Agência de Notícias

Amazônicas V promove diálogo sobre línguas indígenas regionais

Programação internacional conta com simpósios sobre Fonologia, Sintaxe e línguas Tupi
publicado: 21/05/2014 15h45, última modificação: 28/08/2017 14h15

Agência Museu Goeldi - Pesquisadores, estudantes e todos os demais interessados nos estudos de línguas indígenas terão oportunidade de acompanhar uma semana inteira de debates e conferências sobre o tema no Colóquio Internacional Amazônicas V, evento bianual que acontecerá em Belém, no Hotel Beira Rio, entre 26 e 30 de maio. O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e a Universidade Federal do Pará (UFPA) são os realizadores do evento, que acontece alternadamente entre países amazônicos com o tema: “A estrutura das línguas amazônicas: fonologia e sintaxe”.

O principal objetivo do evento é promover o intercâmbio e a cooperação entre pesquisadores da área com base nos mais recentes resultados de estudos realizados em diversas instituições científicas. Além dos simpósios sobre Fonologia (estudo do sistema de sons da língua) e Sintaxe (disposição das palavras na frase), o evento também terá apresentação de trabalhos sobre uma família linguística específica, que em 2014 será o Tupi.

A participação do MPEG como organizador do evento, em parceria com a UFPA, reafirma a consistência da atuação dessas instituições na área. Hein van der Voort, pesquisador do Museu Goeldi e membro da comissão organizadora, observa que, nos últimos 25 anos, pesquisas relevantes têm sido amplamente desenvolvidas pela equipe de lingüistas do Goeldi, que ele traduz como “um dos maiores institutos de pesquisa sistemática e contínua de línguas amazônicas. Também é importante lembrar que a UFPA tem um departamento específico de estudos de línguas indígenas. É muito bom realizar um evento desse porte juntos, incrementando o intercâmbio entre as instituições”, complementa o pesquisador.

Em edições anteriores, o Amazônicas passou por Manaus, Recife, Bogotá (Colômbia) e Lima (Peru). Além de contar com conferencistas e pesquisadores que apresentarão seus trabalhos, o colóquio está aberto a estudantes e estudiosos que queiram participar como ouvintes. As inscrições ainda estão abertas e poderão ser feitas no local do evento.

Diversidade de estudos – Segundo Hein van der Voort, a intenção do colóquio é que os participantes possam aproveitar a diversidade da programação, já que em geral todos pesquisam aspectos diversos das línguas indígenas amazônicas.

“Quando se pesquisa o japonês, por exemplo, é possível analisar apenas as construções possessivas da língua ou outro aspecto bastante específico e, dessa forma, até escrever um livro sobre isso. No caso das línguas indígenas da Amazônia, como o Kwazá, língua em risco de extinção que pesquisei em Rondônia, não havia nenhum estudo desenvolvido anteriormente. Então precisamos fazer trabalho de campo e um estudo descritivo abrangente, enfim, analisamos todos os aspectos da língua. Por isso, faz sentido organizar um evento onde os participantes possam acompanhar tudo”, esclarece Hein.

Quanto à relevância das pesquisas em línguas indígenas da Amazônia, o pesquisador defende que elas ampliam o campo da Linguística e proporcionam novos entendimentos. “Já foi dito uma vez que a Linguística é uma ciência dos brancos, mas não é. Todas as línguas do mundo têm estrutura, não é invenção do homem branco. Os antigos indianos já estudavam a Linguística há 2.500 anos. As línguas têm a ver com a necessidade da comunicação. São usadas como identificação étnica e de grupos humanos e não servem apenas para comunicar informações, mas também marcam a identidade e a cultura dos falantes de uma determinada região”, observa o pesquisador.

Serviço:

Colóquio Internacional Amazônicas V, nos dias 26 a 30 de maio de 2014, no Hotel Beira Rio (Av. Bernardo Sayão, 4804, próximo à UFPA). Mais informações no site do evento: www.museu-goeldi.br/amazonicas.

Texto: Júlio Matos