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Ampla e integradora, obra de Eidorfe Moreira é tema de dossiê do Museu Goeldi

Edição atual do Boletim de Ciências Humanas do Museu Goeldi traz dossiê sobre o trabalho intelectual de Moreira e outros oito artigos de especialistas de diferentes disciplinas
publicado: 28/01/2016 11h30, última modificação: 15/02/2018 15h47
Exibir carrossel de imagens Reprodução Imagem de Eidorfe Moreira

Imagem de Eidorfe Moreira

Agência Museu Goeldi - Como as águas que unem as ilhas ao redor da cidade de Belém, o legado intelectual deEidorfe Moreira (1912-1989) se espraia por muitos domínios. Conhecido por suas reflexões sobre as paisagens e a região amazônica, com destaque para Belém, o trabalho de Eidorfe é tema de um dossiê na edição atual do Boletim de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi.

Eidorfe Moreira, geógrafo da AmazôniaDe acordo com o editor científico do periódico, Hein van de Voort, Eidorfe “foi um dos maiores intelectuais paraenses do século XX, com uma vasta e diversa produção bibliográfica, desde artigos e ensaios na imprensa diária até obras literárias e científicas, tratando de uma grande variedade de temas, incluindo geografia antrópica, planejamento, economia, política, direito, filosofia, literatura, com enfoque na Amazônia”.

Eidorfe chegou a Belém com menos de 2 anos de idade, vindo da Paraíba. Na cidade, formou-se em direito em 1938 e foi professor de Economia Política. De acordo com a organizadora do dossiê sobre o autor,Maria Stella Guimarães, Eidorfe Moreira “escolheua Amazônia como convergência maior de suas reflexões, escrevendo livros e artigos em Belém, onde exerceu o magistério, tanto em colégios da cidade como na Universidade Federal do Pará (UFPA)”.

Geógrafo da Amazônia - O dossiêevidencia, por exemplo, a forte influência regionalista do autor e suas preocupações com o planejamento estatal para a Amazônia nos anos 1950, como conferimos no artigo de Antônio de Oliveira Junior. Apresenta também, no ensaio de Gutemberg Guerra, a visão integradora de Eidorfe Moreira sobre as ilhas que compõem o território de Belém, ainda hoje uma grande contribuição para quem pensa a administração da cidade.

O Círio de Nazaré é outro objeto do pensamento de Eidorfe Moreira, discutido no ensaio de Ivone Almeida, que investiga o olhar do autor em seus diálogos entre a geografia humana e a sociologia para explicar a paisagem da festa e o envolvimento das pessoas com a celebração. O quarto e último ensaio do dossiê interpreta o olhar do filósofo Benedito Nunes (1929-2011) sobre o geógrafo Eidorfe Moreira. Maria Stella Guimarães analisa as referências que Nunes faz a Moreira em algumas de suas obras, especialmente por conta do interesse mútuo de ambos por múltiplas áreas do conhecimento.

Capa da edição do Boletim de Ciências HumanasO Boletim - Além do dossiê, outros 8 artigos tratam de assuntos dentro de disciplinas como arqueologia, linguística, antropologia, sociologia, economia, museologia e educação. O leitor encontrará um artigosobre a resistência popular contra agentrificação da orla de Belém, outro sobre a comercialização de artesanato indígena no Pará e no Maranhão, e outro sobre o contexto socioeconômico da pesca de caranguejo-uçá em uma Reserva Extrativista do Pará.

Poderá ler também os resultados de uma análise sobre o contexto socioeconômico e a saúde das pessoas envolvidas na pesca de sururu na Lagoa Mundaú em Alagoas, aprimeira documentação de gravuras rupestres em um sítio arqueológico na província de Misiones (Argentina) e um estudosobre a acessibilidade em um museu de artes no Chile.

Há ainda uma pesquisa linguística sobre um dicionário jesuítico (Português - Língua Geral) do século XVIII. O último artigo deste número traz uma investigação históricado pensamento na virada do século XIX, que pretendia transformar o indígena culturalmente e incluí-lo na “civilização” para, a longo prazo, acabar com sua identidade indígena diferenciada. 

O Boletim de Ciências Humanas – O Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi - Ciências Humanas existe há 121 anos e faz parte da história da ciência no Brasil. O Boletim é originário do antigo “Boletim do Museu Paraense de História Natural e Etnographia”, criado em 1894, pelo então diretor do Museu, o zoólogo suíço Emilio Goeldi. O periódico adquiriu notoriedade internacional por divulgar informações científicas sobre a Amazônia em quantidade e qualidade sem precedentes. Em 2006, o periódico adotou seu formato atual com a divisão em Ciências Naturais e Ciências Humanas, com publicação quadrimestral para cada um. Pode ser acessado gratuitamente aqui.

Texto: Uriel Pinho