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Arte e interação na Semana dos Povos Indígenas

Eventos no Museu Goeldi mostram e debatem a cultura, a história e a luta dos povos indígenas na Amazônia
publicado: 14/04/2015 15h30, última modificação: 20/02/2018 11h22
Exibir carrossel de imagens Lívia Prestes As pinturas corporais materializam símbolos da cultura e do universo kayapó.

As pinturas corporais materializam símbolos da cultura e do universo kayapó.

Agência Museu Goeldi – Representantes do povo Kayapó falaram sobre a organização social, os direitos e apresentaram a arte desse povo, que vive nos estados do Pará e Mato Grosso. Os visitantes do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, em Belém, participaram neste domingo, 12, da abertura da Semana dos Povos Indígenas de 2015.

As pinturas corporais materializam símbolos da cultura e do universo kayapó.A semana é um momento de conhecer e reverenciar a tradição e as culturas dos povos indígenas no país. No Museu Goeldi os Kayapó foram os convidados especiais e o bate-papo abordou a luta por reconhecimento de direitos e os constantes enfrentamentos com os invasores das terras indígenas (TIs).

Irekran e Nhák-tyk abriram uma roda de conversa em português intercalado com Jê, a língua original dos Kayapó, com um público interessado que preencheu o centro do Espaço Raízes, no coração do Parque Zoobotânico. Elas moram na aldeia Krehiyêdja, localizada próxima ao município paraense de Ourilândia do Norte. “Na nossa região não tem madeireiros, garimpeiros, mas em Cumaru (PA) existem muitos conflitos com madeireiros, a água de lá está suja”, contou Irekran.

Depois do diálogo, as pessoas puderam adquirir peças típicas dos Kayapó, como os adornos feitos de miçangas coloridas, sementes e algodão, e serem desenhadas com as pinturas corporais, repletas de grafismos e simbologias. Para a professora e turista gaúcha, Daiane Morrudo, a experiência foi de muito aprendizado. “Existem indígenas na minha cidade, no Estado, mas são outras realidades e eles são marginalizados. A gente não tem esse contato, não tem esse tipo de ação lá, de apresentar a cultura de um povo”, disse.

Para quem nasceu e vive na Amazônia, também foi uma oportunidade singular. É o caso da estudante paraense Raquel Brício. “Nunca tive a chance de um contato próximo com um indígena, de ver como o movimento deles está organizado. É um momento importante de marcar a data em torno do dia 19 de abril e mostrar a luta dos povos indígenas contra toda a opressão e os ataques que eles passam”, declarou.

Museu e os povos indígenas - A programação da Semana dos Povos Indígenas é uma tradição no calendário anual do Museu Goeldi e se alinha a diversas atividades que o Museu desenvolve com populações tradicionais, como pontua a coordenadora da Coordenação de Extensão e Comunicação (CCE), Maria Emília Sales. “Durante toda sua trajetória, de quase 150 anos, o Museu tem uma grande interação com as comunidades indígenas. Tanto no estudo dessas culturas, como também na divulgação desse conhecimento para a sociedade em geral”.

Indígenas Kayapó falam sobre sua história e arte no Museu GoeldiAlgumas dessas ações podem ser vistas no Pavilhão de Exposições Domingos Soares Ferreira Penna, a Rocinha, no Parque Zoobotânico. As mostras “Kayapó - Me à Yry Tekrejarôti-Re, Trabalhos Artesanais dos Mebêngôkrê-Kayapó da Aldeia Las Casas” e “A Festa do Caium - Ka'apor  akaju  kawĩ   ta’yn  muherha” abordam os costumes e a história dos povos Kayapó e Ka'apor, respectivamente, e estão abertas ao público das terças-feiras aos domingos, de 9h às 17h.

A Semana dos Povos Indígenas – Retoma as atividades nesta terça-feira (14) com o “Encontro Kayapó - Narração de histórias, pintura corporal e venda de artesanatos”, no Espaço Raízes, a partir das 9h para as comunidades escolares previamente agendadas e às 10h para o público em geral. “Essa interação entre o público e os indígenas é muito importante porque ainda existem muitos estereótipos e preconceitos ligados à cultura indígena. Por isso nós focamos na divulgação dos mitos, das narrativas e na história desses povos”, concluiu Lúcia Santana, coordenadora do Serviço de Educação (SEC) do Museu Goeldi, que organiza o evento.

Confira a programação completa da Semana dos Povos Indígenas aqui.

Texto: João Cunha