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Agência de Notícias

As ameaças à Reserva Biológica do Gurupi

Um dos últimos fragmentos florestais da Amazônia Maranhense, a Rebio sofre ameaças à sua biodiversidade e às terras indígenas ao seu redor. Carta de pesquisadores ao poder público alertando para a importância da UC foi entregue nesta terça, 19.
publicado: 22/11/2013 15h45, última modificação: 15/06/2018 10h23

Agência Museu Goeldi – Projetos de Lei em trâmite na Câmara dos Deputados ameaçam a Reserva Biológica do Gurupi, única unidade de proteção integral da floresta amazônica no Maranhão, que está localizada nos municípios Bom jardim, Centro Novo do Maranhão e São João do Carú. A Rebio, criada em 1988, corre o risco de ter seu decreto de criação anulado ou de redução de sua área em 80% - de 271.197,51, a UC seria drasticamente reduzida para 60.000 hectares. Pesquisadores de diversas  instituições de pesquisa estão realizando uma mobilização para reverter a situação e manter um dos últimos fragmentos da Floresta Amazônica no Maranhão.

A Rebio Gurupi sofre ameaças ao seu território desde que foi criada. Grupos de madeireiros e pequenos agricultores, que vivem dentro dos limites da reserva, destroem a floresta para exploração ilegal de madeira, criação de gado, trabalho escravo e plantações de maconha. Há também conflitos entre colonos, grileiros, sem-terra, e povos indígenas aliciados ao garimpo.  Todos estes fatores colocam em risco a existência da Reserva, a sua alta biodiversidade e da vida dos povos que habitam as três Terras Indígenas que a circundam: Alto Turiaçú, Awá e Caru.

SOS Gurupi – Para dar visibilidade à importância da manutenção da Reserva Biológica do Gurupi, vários pesquisadores iniciaram, no dia 19 de novembro, uma campanha para salvar a Rebio. Foi endereçada uma carta à Câmara dos Deputados (leia aqui) ressaltando as razões para a preservação da floresta no local, e para a não-aprovação dos projetos de lei defendidos pelo deputado Weverton Rocha (PTB-MA) que, em conjunto com grupos de agricultores e madeireiros, pretende reduzir ou extinguir a Reserva.

As pesquisas sobre biodiversidade na Rebio Gurupi têm contribuído para o avanço de políticas públicas que favorecem a manutenção do território. Nela, há duas bases do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio, que trabalha em conjunto com o Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG, a rede de instituições do Programa de Pesquisa em Biodiversidade - PPBio Amazônia Oriental e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia. Graças aos estudos feitos na Rebio, foram encontradas novas ocorrências de espécies de aves, répteis e outros grupos de animais (muitas endêmicas, raras, e em risco de extinção), e constatou-se que, apesar da destruição já sofrida, ainda há muito a se conhecer sobre a biodiversidade da fauna e flora do local. Também foi formado, em 2013, o Conselho Consultivo da Rebio Gurupi, que conta com a participação de diversos atores do poder público, sociedade civil, e instituições de pesquisa, e pretende continuar a gestão do plano de manejo da Reserva, elaborado em 1999.

A biodiversidade na Rebio – Em 2012, o livro “Amazônia Maranhense – Biodiversidade e Conservação”e a exposição “A vida na Rebio Gurupi – Uma riqueza a se preservar” apresentam aspectos da biodiversidade no Gurupi. As pesquisas na Rebio continuam reunindo dados para contribuir para a preservação desta Unidade de Conservação e a compreensão do seu papel na qualidade de vida da região. Para saber mais sobre a situação da Rebio, acesse a página SOS Gurupi e notícia “Maranhão: ataque à Rebio Gurupi e às terras do Awá Guajá”.

 

Texto: Paola Caracciolo