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Agência de Notícias

Aulas em Puruborá

Alfabetizando em língua materna
publicado: 17/04/2013 15h00, última modificação: 13/08/2017 10h43

Agência Museu Goeldi - Depois de intenso processo de recolhimento, pesquisa e investigação da língua Puruborá, Ana Vilacy Galucio, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, em conjunto com os poucos falantes da etnia, resgatou um vocabulário Puroborá, possibilitando um trabalho de reconhecimento e aprendizagem da língua viva pelos remanescentes do povo.

"Fizemos oficinas sobre fonética e ortografia Puruborá. Foi então que professor Mário Oliveira Neto se motivou para entender e passar para os outros alunos a língua Puruborá. Quando ele começou a estudar, percebeu que tinham coisas que podiam ser alteradas, melhoradas”, lembra a pesquisadora.

Ana Vilacy ressalta que a ortografia é uma convenção, para cada língua pode ser diferente ou pode ser igual. Estudar a língua a fundo é o primeiro passo. “Precisamos estudar a fonologia, estudar a fonética, ver como as palavras são agrupadas, que som faz diferença”. Após esse processo de investigação, o que foi aprendido sobre a língua foi repassado aos poucos para o grupo. “Começaram falando as vogais e a diferença das vogais nasais para as vogais orais. Puruborá tem 7 vogais orais, por exemplo. Então, Mário participou das oficinas e começou a entender e passar para os alunos esse conhecimento adquirido”.

Mário Oliveira, 34 anos, comemora que há um ano e dois meses dá aulas sobre a língua Puruborá na escola Jwara Puruborá, na Aldeia Aperoi, no município de Seringueira, leste de Rondônia. São 14 alunos, entre adultos e crianças. “Para mim, que não falava a língua e nem sabia o nome dela, foi uma recriação do povo, um reavivamento da nossa cultura e dos nossos costumes”. O professor ressalta que a língua Puruborá é fácil. “Eu cobro dos pais e alunos que muitos já fizeram por nós e agora é a nossa vez de dar prosseguimento a nossa cultura”.

O mais importante para Mário nesse processo é seguir com o sonho de manter a língua viva para futuras gerações. “Depois desse trabalho, começou a nossa luta. Hoje podemos dizer que nós somos povos indígenas e a segurança disso é a nossa língua materna, já que a nossa tradição e cultura têm pouco registro”. E finaliza: “Se a gente não aprender a nossa língua materna, o que a gente vai aprender mais?”.

Serviço

A exposição Preservando a língua dos Puruborá teve início no dia 16 de abril e segue aberta ao público visitante do Museu Paraense Emílio Goeldi, no pavilhão de exposições Domingos Soares Ferreira Penna, a Rocinha, até o início de maio de 2013. A entrada é franca. A atividade faz parte da programação em comemoração ao Mês dos Povos Indígenas

Texto: Silvia de Souza Leão