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Caxiuanã: lugar de conhecimento e possibilidades

Autoridades britânicas e brasileiras afirmam a ciência e a cooperação como estratégia para aproximar os países, pensar o futuro e enfrentar novos desafios
publicado: 08/10/2013 10h15, última modificação: 18/08/2017 10h47

Agência Museu Goeldi – Estar na Amazônia é algo importante, pois é um lugar onde o conhecimento se faz necessário e “um dos caminhos para se alcançar o conhecimento é a cooperação com outros países, pois assim se pode caminhar de maneira mais produtiva”, defendeu Dr. Carlos Oití, coordenador geral das unidades de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) durante o Seminário Biodiversidade, Inovação e Sustentabilidade – Amazônia e Reino Unido: experiências e oportunidades, que, até a última sexta-feira, reuniu profissionais e pesquisadores brasileiros e do Reino Unido

A ciência é um ponto importante na relação entre os países. Podemos fazer mais pela relação entre o Brasil e o Reino Unido. A delegação britânica que está aqui em Belém é uma prova disso”, afirmou Caroline Cowan, diretora de Ciência e Inovação da Embaixada Britânica em Brasília. A representante da embaixada britânica considera que a área de transferência de tecnologia é um ponto fundamental de relação sobre novas colaborações internacionais.

Já o diretor do Museu Goeldi, Dr. Nilson Gabas Jr. considera a possibilidade de cooperação internacional como um caminho interessante para se pensar o futuro da Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn). Para o diretor do Museu Goeldi a pergunta norteadora do Seminário e das ações que podem começar a tomar forma é: o que queremos para os próximos 20 anos? “A inovação deve ser feita na área da biodiversidade e eventos como esse devem ser vistos inicialmente como caminho para iniciativas do gênero”, concluiu.

Transferência de Tecnologia – Alguns dos mecanismos de financiamentos do Reino Unido foram apresentados por Alan Burbidge, da Universidade de Nottingham, onde Alan afirmou que a universidade de onde faz parte realiza parcerias com o capital industrial e o impulso para essa parceria entre academia e setor privado tem sido o desenvolvimento de tecnologias. Mas mesmo o Reino Unido, que é visto como um pioneiro no estabelecimento desse tipo de relação, apresenta dificuldades para conseguir recursos e que muitas vezes “a língua falada pela universidade não consegue ser entendida pelo setor industrial e vice-versa”, afirmou.

Patricia Latter da Royal Veterinary College / Praxis Único apresentou a faculdade de veterinária mais antiga da Inglaterra, onde trabalha com transferência de tecnologia. Para Patricia, de acordo com as experiência vividas na Royal Veterinary College o movimento menos lucrativo é  separar o inventor da invenção, pois pode acabar gerando uma quebra no processo de aprimoramento da tecnologia. Além disso, no lado empresarial, o investidor deve ter claramente a razão pela qual está empreendendo determinada tecnologia.

UNIVERSITEC - O diretor da Agência de Inovação da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gonzalo Enriquez, apresentou as empresas que fazem parte da Agência de Inovação, onde o foco é trabalhar com a biodiversidade genética amazônica, onde realizam  pesquisas básicas e aplicadas. O ponto central para Gonzalo Enriquez é que o “pesquisador deve ter visão empreendedora para fazer um  aproveitamento mais consistente da biodiversidade. Temos que acreditar e difundir mais que a região tem possibilidade de gerar  produtos com valor agregado”.

Sir Prance - A conferência de abertura do Seminário foi proferida por Sir Ghillean T. Prance, especialista em botânica amazônica, responsável pela descrição da ecologia de polinização da vitória régia (Victoria amazonica) e pela análise de aspectos econômicos e da conservação da Castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa). Sir Prance, em colaboração com Guilherme de La Penha (Diretor do Museu Goeldi naquela ocasião), foi quem negociou o investimento britânico para que se estabelecesse a Estação Científica Ferreira Penna na Floresta Nacional de Caxiuanã.

O botânico inglês afirmou que conheceu a Flona de Caxiuanã em 1965, em uma expedição que participou ao rio Pacajá, e que desde então percebeu que aquela área era e é uma fonte importante de conhecimento biológico. Vinte anos após as negociações para a instalação da Estação, Sir Prance estava com o grupo de pesquisadores britânicos que visitaram a ECFPn, entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro de 2013 e ficou alegre de vê-la em plena atividade. “Pois está bem conservada. E vi que há bastante trabalhos publicados. Além disso é muito bom ver  meus ex-alunos, “netos”, ‘”bisnetos” do mestrado em botânica aqui presentes”, disse Ghillean T. Prance.

Sir Prance gostou de compartilhar alguns momentos do processo de criação da Estação Científica e de sua passagem pelo Brasil, mas o que realmente lhe preocupa é o futuro da ECFPn, pois “não construímos o futuro com a história, temos que caminhar sempre em frente e isso inclui darmos mais atenção ao uso sustentável da terra”, afirmou. O pesquisador deu uma sugestão ao diretor do Museu Goeldi: a publicação de um livro de resumos em inglês com tudo o que já foi produzido em Caxiuanã, “Seria um projeto excelente de divulgação internacional” concluiu.

Seminário - As discussões  de especialistas nacionais e internacionais aconteceram no Seminário “Biodiversidade, Inovação e Sustentabilidade – Amazônia e Reino Unido: experiências e oportunidades, de 30 de setembro a 4 de outubro, em Belém e Caxiuanã. Evento comemorativo aos 20 anos da Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn), base de pesquisas científicas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), unidade de pesquisa do  Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI).

Texto: Lucila Vilar.