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Chega de medo: porque você não deve temer as cobras

Projeto do Goeldi “Mitos e verdades sobre animais da Amazônia” convida você a conhecer e largar o medo de animais da fauna regional como cobras, aranhas e corujas.
publicado: 28/01/2016 15h45, última modificação: 15/02/2018 15h54

Agência Museu Goeldi - Corujas, cobras, sapos e aranhas. Se para você, o começo desse texto pareceu uma história de terror, está na hora de rever seus conceitos. E é isso que convida “Mitos e verdades sobre animais da Amazônia”, o novo projeto do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Contra a (injusta) má-fama de alguns animais, construída por séculos de lendas, livros e filmes, o cientista ambiental Cezar Filipe Ferreira apresenta o contato, a convivência e o conhecimento sobre esses seres vivos. 

O cientista Cezar Filipe e a corja Isis: de "rasga-mortalha", ela só tem a famaUm grupo de 30 pessoas vai ser escolhido para viver uma experiência de imersão na vida e hábitos de animais como os que foram citados acima, além de outros, a exemplo da mucura (nome que o gambá recebe na Amazônia). Serão dois encontros mensais, sempre nos finais de semana, de março a junho de 2016.

Se me atacar, eu vou atacar também - No Parque Zoobotânico do Goeldi, localizado no centro de Belém, os participantes vão conhecer características e a importância para o meio ambiente de espécies tão temidas. Algumas crenças e mal-entendidos também serão desfeitos, como aquela que diz que as cobras fedem e são bichos traiçoeiros. “Elas são muito limpas e como todo animal, não tem índole boa ou má. Só atacam por medo ou necessidade”, explica Cezar.

A culpa é da coruja? - Cezar Filipe, que é bolsista PCI do Serviço de Educação do Museu (SEC) do Goeldi e está a frente do projeto “Mitos e verdades sobre animais da Amazônia”, orientado pela educadora Lúcia Santana.  Ele diz que espécies como a suindara (Tyto furcata) têm sofrido a perseguição dos seres humanos por pura desinformação e pela mística que os envolvem. “Em muitas regiões da Amazônia, esse tipo de coruja é conhecido como rasga-mortalha ou bate-caixão e visto como um sinal de mau-agouro. Por isso, as pessoas as caçam e matam sem conhecer o grande serviço ambiental que elas prestam”, afirma. “Uma família de coruja come em média de 3 a 5 mil ratos por ano e trazem equilíbrio a essa população, que em grandes cidades pode ser uma praga”.

Projeto estimula o contato e o conhecimento sobre os animaisPara superar o estigma, o cientista ambiental vai trabalhar com exemplares desses animais em convívio direto com os participantes do “Mitos e verdades sobre animais da Amazônia”. São espécimes que habitam o Parque Zoobotânico ou vem de criadouros comerciais e estão sob os cuidados de Cezar. “Nós só trabalhamos com animais legalizados e habituados ao convívio humano. O combate ao tráfico ilegal, que causa a morte de espécies como a arara azul, também é um dos assuntos focados nesse projeto”, conta.

O projeto vai servir como um teste para futuras ações do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. “A ideia é que esse projeto se torne um serviço fixo para os visitantes do Parque. Precisamos agora desse primeiro contato para coletar dados e saber se ele é viável e quais efeitos terão no público”, explica o cientista ambiental.

Como participar – Quem quiser saber mais e dar uma chance a esses animais, que de detestáveis não têm nada, deve vir ao Serviço de Educação (SEC) do Museu Goeldi, no período de 01 a 19 de fevereiro, e preencher um formulário. Com base nas informações fornecidas, será feita uma seleção dos 30 participantes. Esse grupo vai representar o público do Parque Zoobotânico, com idades, faixas econômicas e profissões das mais variadas. Podem participar crianças a partir de 10 anos, com a autorização dos pais ou responsáveis. Não há idade máxima para integrar o grupo.

O SEC fica no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, Avenida Magalhães Barata, 376. As inscrições para o projeto “Mitos e verdades sobre animais da Amazônia” são gratuitas e serão realizadas até o dia 19 de fevereiro, de segunda à sexta, de 8h às 12h e 13h às 17h.

Texto: João Cunha