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Agência de Notícias

Obras científicas sobre a Amazônia na XXI Feira Pan-Amazônica do Livro

Em 2017, cinco publicações de pesquisadores do Museu Goeldi serão lançadas neste que é considerado um dos três maiores salões nacionais de literatura. História, antropologia e botânica são alguns dos temas que a instituição sesquicentenária apresenta para o público.
publicado: 25/05/2017 15h30, última modificação: 08/02/2018 16h41

Agência Museu Goeldi – O Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG participa dos dez dias de programação que fazem da Feira Pan-Amazônica do Livro um dos principais eventos literários do Brasil. Entre os dias 26 de maio e 4 de junho, 400 mil pessoas devem visitar os 220 estandes. Nessa grande festa da literatura, o Museu lançará três livros, uma edição especial sobre a Flora de Carajás e um caderno de anotações com trechos de obras dos naturalistas que percorreram a Amazônia. O evento acontece no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, e o lançamento das publicações do sesquicentenário MPEG será no dia 31 de maio, a partir das 16h, no estande 34.

Belle Époque na Amazônia – Dr. Pedro Luiz Braga Lisboa, botânico e pesquisador aposentado do Museu Goeldi, é autor do livro O último vapor: ascensão e queda da borracha na Amazônia (1820-1930), um dos títulos da instituição que serão lançados na Feira Pan-Amazônica do Livro. São quase 500 páginas dedicadas a contar a história da Hevea brasiliensis, matéria-prima que impactou a economia local, acelerou o processo de modernização das principais cidades da região, tornando-se base de uma das atividades comerciais mais importantes do Brasil, sobretudo no final do século XIX e começo do século XX.

A obra, ricamente ilustrada, divide a história da borracha em cinco fases: descoberta, vulcanização, biopirataria, impacto econômico-comercial e taxonomia. É também uma homenagem ao botânico suíço Jacques Huber, diretor do Museu Goeldi entre 1907 e 1914, responsável por inestimável contribuição para os estudos da botânica amazônica. O último vapor é um convite para uma viagem marcada por inéditos avanços econômicos e, ao mesmo tempo, grandes desigualdades sociais, um momento histórico que até hoje povoa a memória e o imaginário da Amazônia.

Memória e Antropologia – Primeira mulher com doutorado em Etnografia a se fixar na Amazônia nos anos 60 do século XX, pupila de Darcy Ribeiro e Eduardo Galvão, Adélia Engrácia de Oliveira compartilha suas estórias no livro Vivência antropológica e estórias indígenas. Adélia Oliveira é ex-diretora do Museu Goeldi, do qual é pesquisadora aposentada. Ela também é avó de Júlia, para quem dedica essa obra, registrando as vivências mais importantes de sua vida.

De 1964 a 2000, Adélia de Oliveira se dedicou ao estudo de índios e caboclos da Amazônia, além de coordenar várias pesquisas sobre a ocupação humana da região. O livro é uma síntese das memórias da pesquisadora e também do conhecimento produzido ao longo de uma carreira de mais de três décadas, marcada pelo pioneirismo no campo da antropologia indígena: um dos grandes desafios na trajetória de Adélia, por exemplo, foram os estudos com os índios Mura, que viviam na região do rio Madeira (AM), e com os Juruna, do Parque Indígena do Xingu. Essa e outras estórias são contadas no livro, narrado em primeira pessoa, e atraente para pesquisadores e curiosos sobre a região amazônica.

Embarcações do Norte do Brasil – “O Amazonas estendia-se agora portentoso diante de mim, um verdadeiro mar de água doce” são as palavras do médico alemão Robert Avé-Lallemant (1882-1884), que realizou importantes expedições pelo norte do Brasil em meados do século XIX. O relato de Robert é o primeiro entre as mais de 40 narrativas de expedicionários reunidas no livro Os viajantes e suas embarcações – Caderno de Anotações, organizadas por Olímpia Reis Resque, bibliotecária e pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi.

Além dos relatos – uns maravilhados, outros assustados com a dimensão da natureza –, a obra também reúne cerca de 15 gravuras e ilustrações mostrando a diversidade das embarcações utilizadas nas várias expedições pela Amazônia. Seja no passado ou no presente, as embarcações são imprescindíveis para a dinâmica da vida nos rios, e o livro é uma importante contribuição para a história desse meio de transporte tão caro à região.

Plantas daninhas – Pesquisadores do Museu Goeldi e da Embrapa Amazônia Oriental organizaram o livro Plantas Daninhas na Amazônia, que reúne resultados de pesquisas sobre a diversidade das espécies daninhas em áreas inundáveis e de terra firme da região. Além de ressaltar a importância agronômica e zoológica das espécies para os ecossistemas amazônicos, a obra destaca também as características biológicas das plantas. As espécies daninhas são reconhecidas por infestarem áreas cultivadas, causando prejuízos na produção agrícola e na formação de pastagens.

O livro Plantas Daninhas na Amazônia foi escrito pelos pesquisadores Mônica Falcão-da-Silva, Antônio Pedro da Silva Souza Filho, Ely Simone Cajueiro Gurgel, Maria de Nazaré do Carmo Bastos e João Ubiratan Moreira dos Santos.

Flora de Carajás – O público da Feira Pan-Amazônica do Livro terá a oportunidade de conhecer o 1º número especial dedicado à Flora das Cangas da Serra dos Carajás, resultado das pesquisas coordenadas pelo Museu Goeldi naquela região. A edição temática da Rodriguésia, organizada pelos pesquisadores Pedro Viana (MPEG) e Ana Maria Giulieti (ITV), traz descrições taxonômicas, ilustrações, distribuição geográfica e chaves de identificação de 139 gêneros e 248 espécies tratadas.

As cangas são ecossistemas vegetais associados a locais onde ocorre o afloramento de rochas ferruginosas e são encontradas em vários locais do Brasil. Elas são conhecidas por abrigarem seres vivos muito específicos e adaptados às características desses lugares. O Museu Goeldi é a instituição pioneira na investigação científica sobre a flora de Carajás, com a primeira expedição de coleta na região realizada em 1969. De lá para cá, Carajás entrou na rota da pesquisa institucional.

Publicada pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro desde 1935, a revista Rodriguésia é um dos mais importantes periódicos brasileiros da área da botânica.

Texto: Phillippe Sendas.

 

Serviço: Lançamento de livros do Museu Goeldi na XXI Feira Pan-Amazônica do Livro.

Data: 31 de maio de 2017.

Hora: A partir das 16h.

Local: Estande nº 34, no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia (Av. Dr. Freitas, s/n - Marco, Belém – PA).

Livros:

O último vapor: ascensão e queda da borracha na Amazônia (1820-1930), Pedro L. B. Lisboa.

- Vivência antropológica e estórias indígenas, Adélia Engrácia de Oliveira.

Os viajantes e suas embarcações, Olímpia Reis Resque.

Plantas Daninhas na Amazônia, Mônica Falcão-da-Silva, Antônio Pedro da Silva Souza Filho, Ely Simone Cajueiro Gurgel, Maria de Nazaré do Carmo Bastos, João Ubiratan Moreira dos Santos.

Rodriguésia – Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Volume 67, Número 5, Serra dos Carajás, 2016.