Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Em memória de Denise Pahl Schaan (1962-2018)
conteúdo

Agência de Notícias

Em memória de Denise Pahl Schaan (1962-2018)

publicado: 09/03/2018 11h00, última modificação: 13/03/2018 11h47

São tão poucos pesquisadores sediados no Norte do Brasil que toda perda comparada à dimensão regional e nacional abre uma grande lacuna. E se for um especialista com grande capacidade de produção científica e formador de novos talentos para a pesquisa, essa ausência é ainda mais sentida. Esse é o caso da Drª Denise Pahl Schaan. Arqueóloga, Mestre em História/Arqueologia e Ph.D em Antropologia Social pela Universidade de Pittsburgh (EUA), e que era atualmente docente da Universidade Federal do Pará. A trajetória da ainda jovem pesquisadora encerrou-se no dia 3 de março em função de complicações da doença que lhe acometeu – esclerose lateral amiotrófica.

A primeira instituição amazônica que acolheu esse talento para a pesquisa científica foi o Museu Goeldi. Era o final dos anos 90 e Denise Schaan, vinda do Rio Grande do Sul, tinha concluído sua dissertação de mestrado sobre a linguagem iconográfica da cerâmica marajoara.

No Goeldi, foi colaboradora por mais de 10 anos com pesquisadores da área de Arqueologia da instituição. Primeiro, entre 1997 e 1999, como Bolsista de Desenvolvimento Científico Regional (DCR), quando estudou as coleções do Marajó sob a salvaguarda do Museu Goeldi, desenvolvendo o projeto "Um Estudo Estrutural da Linguagem Iconográfica Marajoara", uma continuidade de sua pesquisa de mestrado. Nessa ocasião, Schaan colaborou com um capítulo no livro A Arte da Terra, publicação resultante da parceria entre o Museu Goeldi e o Sebrae para qualificar a produção artesanal local.

Entre 1999 e 2004, Denise Schaan contou com o apoio do Museu Goeldi para desenvolver sua tese de doutorado e mais projetos de pesquisa no Marajó, como: "Localização e Estudo Regional de Sítios Arqueológicos no Alto Rio Anajás", “Estudo de Impacto Ambiental para construção da Hidrovia do Marajó” (1999 – 2001) e “Lost Civilizations of the Amazon” (2000 – 2002). As pesquisas resultariam na descoberta de nove sítios arqueológicos da cultura marajoara. E sua tese de Doutorado - "The Camutins Chiefdom: Rise and Development of Social Complexity on Marajó Island" - viria esclarecer vários pontos sobre a complexidade social da população pré-colonial na Ilha de Marajó.

De 2005 a 2006 participou ativamente da implementação do projeto Pesquisa Histórica, Antropológica e Arqueológica, Educação Patrimonial e Ambiental na Vila de Joanes (parceria do Museu Goeldi, IPHAN e Museu do Marajó), que resultou em uma inovadora proposta de gestão compartilhada com a comunidade local para o estudo, valorização e proteção do sítio arqueológico-histórico de Joanes, no arquipélago marajoara.

De 2006 a 2008, no âmbito do projeto Potenciais Impactos Ambientais do Transporte de Petróleo e Derivados na Zona Costeira Amazônica (PIATAM-Mar), conduziu o Levantamento do Potencial Arqueológico e Estudo das Ocupações da Costa Atlântica Amazônica, com vistas às preocupantes possibilidades de impacto aos sítios arqueológicos regionais. Neste mesmo período manteve o apoio do Museu Goeldi para desenvolver o projeto "Natureza e sociedade na história da Amazônia Ocidental".

O Museu Goeldi se solidariza com os familiares, amigos, colegas e alunos pela partida precoce de Denise Pahl Schaan e agradece a valorosa colaboração prestada por ela, que gravou seu nome com mérito na história da ciência na Amazônia.


Nilson Gabas Jr.
Diretor
Museu Paraense Emílio Goeldi