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Agência de Notícias

Entre o ontem e o hoje da pesquisa

Conhecer a Amazônia é o esforço maior para a conservação
publicado: 26/06/2013 14h00, última modificação: 14/08/2017 10h23

Agência Museu Goeldi – “O Conhecimento da fauna amazônica – passado, presente e perspectivas futuras, com referência à história do Grão-Pará e das expedições do século XV ao XIX”, foi a conferência de abertura do XXI Seminário de Iniciação Científica – PIBIC realizado esta semana pelo Museu Paraense Emílio Goeldi. O Dr. Nelson Papavero, da Universidade de São Paulo (USP), um dos principais colaboradores do Plano Nacional de Zoologia do CNPq e ex-vice-diretor do Museu Goeldi na década de 1980, foi o conferencista convidado.

Com uma linguagem simples e descontraída Nelson Papavero apresentou discussão sobre os primórdios dos estudos sobre fauna no mundo com ênfase para o que a Amazônia representa nessa trajetória da história da humanidade. Em sua fala, o pesquisador deu vários exemplos de como a produção científica sobre a região foi construída há muitas mãos, nomeando as contribuições diversas. Como exemplo, Papavero citou os jesuítas que em 1759 já registravam informações sobre a fauna e a flora brasileira e amazônica.

Outro exemplo de pesquisador que contribuiu para a ciência foi Henry Walter Bates (1848- 1859), que fortemente influenciado pela teoria da evolução desenvolveu no Brasil a teoria do mimetismo, onde os seres ou animais mais ou menos relacionados acabam se tornando parecidos fenotipicamente, no intuito de se proteger de predadores.

Nelson Papavero afirmou, de maneira brincalhona, que no século XIX existia mais naturalistas do que habitantes na Amazônia e que a vontade de conhecer a região ajudou no surgimento da  Sociedade Phiilomática (1866), coordenada por Domingos Soares Ferreira Penna. Nesse período começam a nascer no Brasil os primeiros Museus, onde num primeiro momento é fundado o Museu Nacional do Rio de Janeiro e, em seguida, o Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém.

Para o pesquisador há, nos séculos XX e XXI, o fortalecimento das instituições de pesquisa amazônidas. Como exemplo dessa realidade Papavero cita a criação da Universidade Federal do Amazonas (1909), a fundação do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), em 1951 e a criação do Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (INPA) em 1952/54.

O zoólogo considera que a produção científica feita sobre a Amazônia e na Amazônia é recente, mas muito empolgante, pois “precisamos de gente, gente, gente em todas as áreas. Para estudar a fauna, a flora, geologia, tudo”. Além disso, “sem conhecer, como vamos preservar o que temos? Precisamos formar novos pesquisadores que amem essa terra. E pesquisem sobre ela. É uma tarefa gigante e é o papel de vocês”, disse ao se dirigir à platéia lotada por jovens pesquisadores participantes do Programa de Iniciação Científica do Museu Goeldi.

Antes de terminar sua palestra Papavero disse para os jovens cientistas no auditório que “toda jornada começa com um pequeno passo. Vocês já deram um belo primeiro passo. Espero que levantem vôo e façam grandes contribuições para a ciência na Amazônia”.

PIBIC 2013 - O evento apresenta resultados de pesquisas realizadas por bolsistas, orientados por pesquisadores do Museu, em cinco áreas do conhecimento: Zoologia, Botânica, Ciências Humanas e Ciências da Terra, bem como na área de Comunicação e Extensão. O seminário acontece até sexta-feira, dia 28 de junho de 2013, no Auditório Dr. Paulo Cavalcante, localizado no Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, Av. Perimetral, 1901, Terra Firme, Belém (PA).

 

 

Texto: Lucila Vilar.