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Agência de Notícias

História da Ciência na Amazônia

Museu Goeldi reúne estudantes e profissionais a fim de despertar maior interesse sobre a História das Ciências na Amazônia
publicado: 14/05/2013 16h45, última modificação: 13/08/2017 11h51

Agência Museu Goeldi – De acordo com a historiadora Anna Raquel Castro, bolsista do Museu Goeldi, os cursos de História oferecidos pelas instituições de ensino superior paraenses não oferecem linhas de pesquisa específicas voltadas à História das Ciências. Buscando suprir  parte dessa ausência a Coordenação de Informação e Documentação do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) organizou o 1º Seminário de Pesquisa em História das Ciências da Amazônia, que aconteceu nos dias 8 e 9 de maio, no Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, no Parque Zoobotânico.


Profissionais que já trabalham a História das Ciências na Amazônia foram convidados a expor suas pesquisas, compartilhando conhecimento e agregando valor aos estudos de Ciências Humanas, como forma de incentivá-los a também seguirem esta linha de pesquisa. 

Durante o evento,  Dr. Nelson Sanjad, do Museu Goeldi,  um dos líderes do grupo de pesquisa História das Ciências na Amazônia proferiu   palestra intitulada “Ciência, território e fronteiras: expedições e relatos de viagem ao rio Purus (1903-1905)”. O doutorando da USP Jairo Nascimento,  falou sobre os problemas de saúde pública, decorrentes do crescimento da cidade de Belém, principalmente a varíola, ao longo do século XIX, durante a palestra  “Mereba-ayba à varíola: isolamento, vacina e intolerância popular em Belém, de 1884 a 1904”.

Segundo Anna Raquel Castro, coordenadora do evento, entre os mais de 100 inscritos no Seminário, havia também  também estudantes   de Química, Física e Biologia, os quais acompanharam palestras sobre memória, saúde, doença e personalidades que se destacaram por suas contribuições à Amazônia, como no caso do arqueólogo Mário Ferreira Simões, lembrado pelo historiador Helder Palheta Ângelo, bolsista do Museu Goeldi, na palestra “Mário Ferreira Simões e a arqueologia na Amazônia”.

Tendência - O professor adjunto da Universidade do Estado do Pará, Dr. Ruy Guilherme Castro de Almeida, esteve presente ao 1º Seminário de Pesquisa em História das Ciências da Amazônia na condição de participante. Para ele, o evento realizado pelo Museu Goeldi “adensa toda uma tendência da atualidade que busca inserir a historiografia das ciências no Pará dentro de um aspecto mais amplo da historiografia nacional”. 

Segundo o professor, muito se acredita que a Ciência só possa ser estudada no eixo Rio-São Paulo, porém, assim como o Museu Goeldi, existem outras instituições na Amazônia, como a Universidade Federal do Pará, que possuem perspectivas que podem e devem ser pesquisadas por suas contribuições.

Oportunidades de pesquisas - O historiador Silvio Rodrigues apresentou a palestra “Laboratório de esculápios: a medicina experimental na construção da identidade médica no Pará, de 1850 a 1920”. A apresentação foi baseada na tese de mestrado de Silvio que trata da falta de pesquisas sobre a História da Medicina na Amazônia no século XIX pelos   próprios médicos. 

Para Silvio Rodrigues, a História das Ciências apresenta inúmeras possibilidades de pesquisas que podem ser realizadas, a exemplo da Medicina, com estudos sobre a história das doenças, história dos remédios etc. Ainda segundo o historiador, o Seminário não foi útil apenas para se falar das pesquisas em si, mas dos caminhos que levaram os pesquisadores a optarem por tal linha de pesquisa, para que esta pudesse se desenvolver.

Plural - Jaddson Silva é historiador e estudante de Museologia e, segundo ele, a multiplicidade de temas abordados nas palestras no seminário foi o que o motivou a participar, agregando valor à sua formação.

Jaddson destacou a palestra “Entre o diagnóstico e a terapêutica: ordem médica, representações do suicídio e liberdade de expressão na imprensa belenense na virada dos séculos XIX para o XX”, ministrada pelo Msc. Marcelo Carvalho da Universidade Federal do Pará. Marcelo Carvalho, em sua pesquisa de mestrado, analisou os jornais belenenses, que na virada do século XIX para o XX, reportavam práticas suicidas. 

Belém, nesse período, apresentou grandes índices de suicídio e o pesquisador então foi buscar nos jornais antigos, utilizados como fontes históricas, relações entre as notícias veiculadas e as práticas de suicídio. Ao final do seminário os participantes receberam certificado com carga horária de 12 horas, utilizadas como atividade acadêmica complementar.


Texto: Júlio Matos