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Agência de Notícias

Instrumentos musicais indígenas são tema de livro

Estudo do Museu Goeldi em parceria com a Fundação Carlos Gomes resultou em obra que será lançada hoje, 2, na Feira do Livro
publicado: 02/06/2014 15h15, última modificação: 29/08/2017 14h51

Agência Museu Goeldi – A pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) Graça Santana da Silva produziu, em conjunto com Edir Lobato Duarte, da Fundação Carlos Gomes (FCG), o livro “Instrumentos Musicais Indígenas: a arte e a Coleção Etnográfica Curt Nimuendaju do Museu Paraense Emílio Goeldi”. A obra será lançada pela Imprensa Oficial do Estado na XVIII Feira Pan-Amazônica do Livro, nesta noite XVIII Feira Pan-Amazônica do(2), às 19h, no estande da Imprensa Oficial. 

O livro apresenta 36 instrumentos musicais de povos indígenas de diversas etnias da Amazônia brasileira, objetos disponíveis no acervo etnográfico do Museu Goeldi. Descreve instrumentos como os maracás das etnias Tukano e Tiriyó, a buzina de taboca das etnias Urubu Kator e Munduruku, o chocalho de casco da etnia Machacai e a flauta de taboca da etnia Aruá. Além da documentação dos itens, a publicação faz um levantamento de estudos da música brasileira e da antropologia, remontando a relatos de viajantes naturalistas e etnógrafos.

Processo de pesquisa - “O nosso trabalho começa no final de 1989/começo de 1990”, contou uma das autoras do livro, Graça Santana. Segundo ela, na primeira fase o projeto teve o apoio do etnomusicólogo da cultura da Colômbia, que o escreveu junto com profissionais da Universidade Federal do Pará, e contou com a colaboração de Orlando Pulido e Glória Caputo (FCG), que foi quem propôs a parceria com o MPEG. Em 1996, o projeto já quase concluído teve que ser parado e retomou as atividades em 2012.

Graça estudou os instrumentos que estão na coleção do MPEG, formada desde meados do século XIX e que hoje está tombada. A coleção regional da antropologia contém aproximadamente 16 mil peças da área indígena, cabocla e africana. Segundo os pesquisadores, Curt Nimuendaju (etnólogo alemão que estudou os indígenas brasileiros) foi o primeiro a organizar a coleção etnográfica da instituição em um catálogo, em 1921.

Para embasar e possibilitar a pesquisa, Graça utilizou várias referências bibliográficas, em especial o catálogo de 1988 da antropóloga Berta Gleizer Ribeiro (considerada a maior pesquisadora da cultura material dos índios brasileiros), que categorizou os objetos, identificando se eram cerâmicas ou instrumentos musicais, por exemplo.

Com a colaboração de Edir Lobato, violinista e flautista interessado em música indígena, houve um crescimento teórico em relação à etnomusicologia. “Já tínhamos feito a catalogação de cerca de 700 peças com uma ficha elaborada pela equipe e o Edir entrou com a classificação musicológica”, relatou Graça.

O projeto também teve a contribuição de Suzana Primo dos Santos Caripuna, indígena e socióloga do MPEG, que orientou os estudos da cultura material quanto à identificação das matérias-primas e classificação dos objetos, mostrando quais eram e quais não eram instrumentos musicais.

Importância – O estudo contribuiu para a catalogação dos instrumentos musicais disponíveis na coleção do Museu Goeldi, inserindo-os em um contexto social, histórico e cultural, além de fornecendo informações para bases de dados tanto da Antropologia quanto das Ciências da área da música, que têm crescido nos últimos tempos.

O detalhamento feito nesse processo serviu para preencher lacunas que a catalogação antiga ainda continha. Todo esse trabalho é um esforço para que o Museu Emílio Goeldi mantenha o seu princípio de ligação direta com a pesquisa ao ter um acervo devidamente documentado e acessível aos interessados.

A publicação do livro em um evento com a dimensão que tem a Feira do Livro traz diversos benefícios. Para o meio científico, traz o reconhecimento e a visibilidade de décadas de trabalho, pois “trabalhar com coleções é um trabalho que não aparece”, como disse Graça. Do lado da sociedade, significa um retorno, já que grande parte da população amazônida não conhece o acervo do Museu Goeldi. “Nem todo mundo estuda e está interessado na cultura material, talvez porque não conheça a preciosidade que o Museu possui”, conclui a pesquisadora.

Serviço – Lançamento do livro “Instrumentos Musicais Indígenas: a arte e a Coleção Etnográfica Curt Nimuendaju do Museu Paraense Emílio Goeldi”, uma parceria entre Museu Paraense Emílio Goeldi e Fundação Carlos Gomes.

Data: 02/06/2014

Horário: 19h

Local: Estande da Imprensa Oficial, na XVIII Feira Pan-Amazônica do Livro.

 

Texto: Alice Martins Morais