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Mamíferos são indicadores de grau de preservação

Mamíferos são indicadores de grau de preservação
publicado: 26/09/2013 09h30, última modificação: 15/08/2017 09h46

Agência Museu Goeldi - Estudos desenvolvidos desde 2010, na Floresta Nacional de Caxiuanã, no Pará, apontam alta riqueza de espécies de mamíferos de grande e médio porte. Ambientes conservados como os de unidades de preservação são importantes para estudos científicos de caráter contínuo como o que uma equipe de biólogos do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) desenvolve para monitorar esses animais. A pesquisa se utiliza da infraestrutura da Estação Científica “Ferreira Penna” para se lançar a campo.

Animais estão entre as primeiras vítimas de ambientes ocupados por gente. Eles fogem e dependendo do espaço onde se encontram não têm refúgio. Por isso mesmo, a pesquisa científica se ocupa de verificar a ocorrência de animais como forma de medir índices de conservação. Mamíferos de médio e grande porte como a anta ou tapir e a onça pintada são excelentes indicadores de preservação da natureza.

Com um monitoramento sistemático realizado desde 2010, as pesquisadoras Marcela Lima e Fernanda Santos, do Projeto TEAM - Tropical Ecology, Assessment and Monitoring Network, em português, Rede para Avaliação e Monitoramento da Ecologia Tropical, um projeto da Conservação Internacional (CI), se dedicam a caracterizar a riqueza e a composição da comunidade de mamíferos de médio e grande porte na Flona de Caxiuanã. Para saber mais sobre o projeto Team em Caxiuanã, conferir nesta edição, página 3.

Investigação - “Estudos sobre a comunidade de mamíferos são fundamentais para a compreensão sobre a ocorrência e distribuição das espécies”, explicam as pesquisadoras. Além disso, os resultados se prestam à “elaboração de estratégias de conservação, principalmente, em regiões sobre constante impacto antrópico – de ocupação humana - como o Estado do Pará”, informam.

A área de estudo localizada no município de Melgaço (Pará), no centro de endemismo Xingu, compreende 330.000 ha. São 60 armadilhas com dispositivo fotográfico cada uma instalada a quase 1,5 km de distância uma da outra. Com um banco de dados que guarda 21 mil imagens, Fernanda e Marcela já identificaram 22 espécies de mamíferos de grande e médio porte. De 13 famílias diferentes e sete ordens distintas, seis estão ameaçadas de extinção e compõem a chamada lista vermelha elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente. São elas: Myrmecophaga tridactyla, Priodontes maximus, Leopardus pardalis, Leopardus wiedii, Panthera onca e Puma concolor.

Com achados desse tipo, a riqueza de carnívoros, animais de topo de cadeia, em Caxiuanã está comprovada e demonstra o bom estado de conservação da área. O isolamento geográfico e a baixa densidade populacional são fatores que contribuem, segundo as pesquisadoras, para esse grau de conservação.

O estudo fez um importante registro de Atelocynus microtis - cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas ou raposa-de-orelhas-pequenas, é um mamífero da família Canidae - espécie que ocorre em baixa densidade em toda a sua área de distribuição e pouco conhecida quanto à sua biologia. A continuidade do monitoramento permitirá o aumento no número de espécies registradas, reforçando ainda mais a importância desta área para a conservação da biodiversidade amazônica.

A pesquisa sobre mamíferos em Caxiuanã é financiada pela Rede TEAM/Conservation International(http://www.teamnetwork.org) e Museu Paraense Emílio Goeldi / Estação Científica Ferreira Penna.

Duas pesquisadoras na floresta - Fernanda Santos é bióloga e mestre em Zoologia pelo Museu Paraense Emílio Goeldi/UFPA. Seu trabalho de Mestrado se concentrou no estudo da diversidade de mamíferos de médio e grande porte e o potencial desses animais em auxiliar na regeneração de clareiras antrópicas na Base Petrolífera de Urucu (Coari, AM) - conferir no jornal do Museu Goeldi, Destaque Amazônia, de Janeiro de 2010. Atualmente é gerente do Projeto TEAM – Caxiuanã.

Marcela Guimarães Moreira Lima, Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí (2007) e Mestre em Zoologia no Museu Paraense Emílio Goeldi/ Universidade Federal do Pará (2009), estuda ecologia animal desde 2007. Sua experiência em Zoologia dá ênfase a Ecologia e Biogeografia de Mamíferos, com temas como Cerrado, Amazônia, Mamíferos médio e grande porte, Armadilhas fotográficas e ecologia de vertebrados.

Espécies ameaçadas encontradas em Caxiuanã - Das seis espécies observadas no monitoramento e ameaçadas de extinção, quatro são felinos.

Onça Pintada - Panthera onça - também conhecida por pintada, onça-verdadeira, jaguar, jaguarapinima, jaguaretê, acanguçu, canguçu, tigre e "onça-preta", é uma espécie de mamífero carnívoro da família Felidae encontrada nas Américas.

Suçuarana - Puma concolor - também conhecido como puma, onça-parda, onça-vermelha, jaguaruna, leão-baio e leão-da-montanha, é um mamífero da família Felidae nativo das Américas. Grande e solitário, esse felino se espalha desde o Canadá até os Andes do Sul na maior área de distribuição entre todos os grandes mamíferos terrestres do hemisfério ocidental.

Gato maracajá - Leopardus wiedii - felino nativo de América Central e América do Sul. Tem como característica uma cauda mais longa do que seus membros posteriores. Os pêlos são amarelo-escuros nas partes superiores e na parte externa dos membros.

Jaguatirica - Leopardus pardalis - ocelote ou gato-do-mato é um felino originariamente encontrado na Mata Atlântica e outras matas brasileiras.

Tamanduá - Bandeira - Myrmecophaga tridactyla - também chamado iurumi, jurumim, tamanduá-açu, tamanduá-cavalo, papa-formigas-gigante e urso-formigueiro-gigante, é um mamífero xenartro da família dos mirmecofagídeos, encontrado na América Central e na América do Sul.

Tatu-canasta - Priodontes maximus - também conhecido como tatuaçu, é uma espécie de tatu de grandes dimensões, encontrado na maior parte da América do Sul cisandina. Pode medir até mais de 1 metro de comprimento.

Texto: Jimena Felipe Beltrão, Agência Museu Goeldi