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Agência de Notícias

Morre filhote de peixe-boi resgatado no rio Capim

Victoria era transportada de Goianésia do Pará para Castanhal (PA), para receber tratamento, quando faleceu, pouco antes de concluir a viagem.
publicado: 18/12/2015 12h00, última modificação: 09/03/2018 12h50

Agência Museu Goeldi - A peixe-mulher (fêmea do peixe-boi) filhote que ganhou o nome de 'Victoria', após ser achada presa em um braço de rio do rio Capim, não resistiu e morreu na madrugada desta quinta-feira (17). A fêmea da espécie Trichechus inunguis estava sendo conduzida ao campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Castanhal, quando faleceu, já no trecho final da viagem, de seis horas por estrada, entre Goianésia do Pará e Castanhal. O transporte fazia parte de uma operação que envolveu o IBAMA, o curso de Veterinária da UFPA e o Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia do Museu Paraense Emílio Goeldi (Gemam-MPEG). As causas da morte de Victoria ainda serão confirmadas por laudo, a ser divulgado, em breve, por exames de necropsia que estão sendo realizados.

Operação - Na viagem de carro, iniciada no fim da tarde de ontem, o filhote era acompanhado por membros do IBAMA, Gemam-MPEG e UFPA. No trajeto de 438 quilômetros, durante todo tempo o estado de Victoria era monitorado. Ela era mantida hidratada, com ajuda de gaze umedecida com soro fisiológico, para proteção de sua pele. Também era feita a aplicação de soro nos olhos, para evitar o ressecamento. “É muito triste. Estávamos muito confiantes, apesar de sabermos da dificuldade que é transportar um peixe-boi da idade dela", declarou na manhã de quinta a equipe do Gemam-UFPA.

Victoria tinha três meses e pesava 15 quilos. O filhote estava a caminho de Castanhal para continuar o tratamento e depois seria reintegrado ao seu habitat natural. Após ser resgatada no rio Capim, já havia passado dois meses na Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Goianésia do Pará, onde era mantida com cuidados especiais, numa piscina montada para que pudesse ganhar peso e fortalecer sua saúde. A alimentação, com a ajuda de mamadeiras, era feita com leite de soja. Havia riscos na operação de transporte entre Goianésia e Castanhal, mas a equipe estava confiante, por causa do bom estado de saúde em que se encontrava Victoria.

Operação - Quando Victoria foi encontrada, no rio Capim à altura do município de Goianésia do Pará, há cerca de dois meses, o pequeno animal estava sem a mãe e debilitado fisicamente. Provavelmente sua mãe foi morta pela pesca predatória. O objetivo da operação montada pelas equipes do Gemam-MPEG, Ibama e UFPA era cuidar do filhote de peixe-boi por mais um mês, em Castanhal, com a ajuda de veterinários do campus da UFPA, até que ele pudesse ser levado para outro viveiro, ligado ao Museu Goeldi, em Salvaterra, no arquipélago do Marajó. Quando estivesse preparada, Victoria faria mais uma vez a mesma viagem, mas dessa vez no percurso contrário. Retornaria a Goianésia, para ser solta novamente no rio Capim, quando tivesse dois anos de idade.

O salvamento do filhote de peixe-boi realizado no braço do rio Capim era motivo de comemoração para pesquisadores ligados aos estudos de mamíferos aquáticos na Amazônia. A ocorrência da espécie Trichechus inunguis naquela região hoje é rara, devido aos vários anos de dizimação da espécie pela ação do homem.

 

Texto: João Cunha