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Agência de Notícias

Museu Goeldi lança livro sobre pesquisa em comunicação na Amazônia

Totalmente revisado, volume que já tinha versão eletrônica ganha versão impressa e será distribuído para cursos de graduação e pós-graduação no Brasil
publicado: 22/11/2013 16h30, última modificação: 22/08/2017 13h23

Agência Museu Goeldi - Em novembro de 2011, o Museu Paraense Emilio Goeldi lançou a versão eletrônica do que representa o primeiro volume de pesquisas sistemáticas sobre Comunicação desenvolvidas nesta unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Em novembro deste ano, chega o livro impresso.

Pesquisa em Comunicação de Ciência na Amazônia Oriental Brasileira: A experiência recente no Museu Paraense Emilio Goeldi apresenta resultados de estudos de três jornalistas profissionais que se lançaram em uma empreitada para revelar o que os veículos de imprensa disseram sobre a Amazônia num dado período da história recente da região norte do Brasil.

 

Levantar o que se fala acerca da Amazônia representa a possibilidade de compreender os muitos interesses que a volta dela transitam, mas, sobretudo, ser capaz de manter a perspectiva de temas, atores e discursos que se apresentam como legítimos para o cenário regional”, diz a organizadora do volume e também autora de alguns dos capítulos da coletânea, a jornalista Jimena Felipe Beltrão, Ph. D. em Ciências Sociais pela Universidade de Leicester na Inglaterra, e responsável pela orientação dos trabalhos de autoria dos também jornalistas Maria Lúcia Sabaa Srur Morais e Antonio Carlos Fausto da Silva Jr.

Não por acaso - Os três autores, não por coincidência, são formados pela Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém. Com diferentes trajetórias, Jimena, Maria Lúcia e Antonio Fausto, se encontraram no Museu Goeldi e graças a bolsas do Programa de Capacitação Institucional (PCI), além de recursos oriundos de edital do CNPq, produziram a série de estudos sobre temas como fronteira, desmatamento, biodiversidade, arqueologia e a produção científica do Museu como assuntos de jornal.

Para Maria Lúcia Morais, esta experiência representou uma oportunidade profissional inédita, de integrar a prática jornalística com a pesquisa em Comunicação. “Esta foi a primeira vez que tive a oportunidade, de fato, de atuar na pesquisa, investigando relevantes aspectos da cobertura jornalística sobre temas como Biodiversidade, Arqueologia e Pesquisa na Amazônia. A orientação da jornalista Jimena Beltrão que, de forma generosa, compartilhou sua experiência como pesquisadora da área com os colegas iniciantes, fato que muito contribuiu para que pudéssemos alcançar os resultados apresentados nessa publicação”.

Teia de informação - O livro expõe o intrincado jogo de interesses e a teia de conhecimentos, que subsidiam decisões sobre o presente e o futuro da Amazônia em estudos desenvolvidos para o período de 2000 – 2005 em um universo de jornais regionais, que revelam o quanto a pesquisa das Ciências Sociais Aplicadas, em particular da Comunicação, tem a contribuir para a melhor compreensão de processos políticos de relevo na contemporaneidade.

Em mais de 350 itens analisados, dizem Jimena Felipe Beltrão e Maria Lúcia Morais, no capítulo que introduz os estudos publicados no livro, a análise aponta “questões fundamentais como a predominância, na cobertura jornalística, de temas, atores e discursos ligados às questões científicas e de preservação das diversidades cultural e ambiental na Amazônia, além da intensa participação do Museu Goeldi no estudo e no debate público sobre essas questões, o que vem em conclusão contribuir para o desenvolvimento da pesquisa acerca da comunicação pública da Ciência na Amazônia”.

Na apresentação do livro, o Diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Jr. reconhece o papel da Comunicação. “A Comunicação tem sido instrumental em áreas as mais diversas da vida pública como a política, a economia e a da cultura”, afirma. E acrescenta que, a exemplo de outras áreas para as quais a investigação “é comprovadamente a via mais eficiente para a geração de conhecimento”, para a Comunicação “isso também é verdadeiro e essencial”, pois que ela é “capaz de municiar decisões socialmente justas e de alcance indelével”.

Formar gente – “Integrar a equipe de Comunicação Social do Museu Goeldi, refletindo, inclusive, sobre a Comunicação Pública da Ciência feita na instituição, me permitiu enxergar a Amazônia de uma perspectiva privilegiada, a do pioneirismo e da reconhecida competência na produção de conhecimento sobre a região.”, diz o autor Antonio Fausto Jr. Para ele, a pesquisa contribuiu “para a abertura de várias portas em minha trajetória acadêmica”. 

Associado ao exercício de investigar está o que é um dos carros-chefe das instituições de ensino e pesquisa no Brasil, a formação de recursos humanos. No Museu Goeldi, a tradição é estudar as Ciências Naturais e as Humanas notadamente a Zoologia, a Botânica, a Antropologia, a Arqueologia e as Ciências da Terra. Mas, em razão das mudanças de mentalidade e da revisão de conceitos, a Comunicação passou a atividade-fim na missão institucional do Goeldi. Mas para além de sua vocação de divulgar conteúdos e disseminar informação e difundir conhecimento, a Comunicação abrange e acomoda iniciativas de puro intento de democratizar informação e tornar público aquilo que, apesar de conhecimento com pertencimento na sociedade, corre o risco de ficar guardado, escondido do domínio público.

A função democrática da Comunicação é, acima de tudo, um compromisso social, maior ainda, em instituições públicas como o Goeldi. Consolidar ações dessa natureza é um exercício cotidiano, mas, além disso, é necessário estudar e refletir sobre os meios e sobre com que competência se deve exercitar a Comunicação Pública da Ciência: é preciso pensar esse fazer.

Cobertura jornalística - A atuação do Museu Paraense Emílio Goeldi no campo da Comunicação da Ciência é fato reconhecido em inúmeros momentos de sua história. Tanto pelos recursos museais inerentes à identidade da Casa, mas também e, fundamentalmente, nas últimas décadas. Através de ações centradas no jornalismo científico, a instituição se propôs a estudar de forma sistemática temas amazônicos que marcam a agenda da mídia, particularmente, àquela das políticas públicas voltadas para a região.  Adicionalmente, estudou-se conteúdo do jornal institucional Destaque Amazônia como forma de identificar temas, atores e discursos produzidos no Museu Goeldi e com potencial impacto de comunicação com a sociedade.

Uma fonte de informação organizada – Não fosse pela existência da Base de Dados de Informações Jornalísticas sobre a Amazônia, (BDIJAm), idealizada e coordenada pela bibliotecária Ana Rosa dos Santos Rodrigues da Silva, da UFPA, cedida para o Museu Goeldi durante 16 anos, e a recuperação do material necessário para as pesquisas teria sido muito mais difícil. A base armazenou de 1992 e 2006, material jornalístico impresso e de boletins eletrônicos selecionados em leitura diária feita pelo Serviço de Comunicação Social.  A BDIJAm representou a possibilidade concreta de se ter acesso àqueles conteúdos.

Os autores - Hoje, Maria Lúcia Morais malumorais07@gmail.com é coordenadora da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Já Antonio Fausto antoniofaustojr@gmail.com é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Pará; e Jimena jbeltrao@museu-goeldi.br continua a atuar na Assessoria de Comunicação Social do Museu Goeldi, onde, entre outras atribuições, é editora do jornal Destaque Amazônia.

Serviço

O livro Pesquisa em Comunicação de Ciência na Amazônia Oriental Brasileira: A experiência recente no Museu Paraense Emilio Goeldi pode ser adquirido pelo mgdoc@museu-goeldi.br ao preço de R$ 50,00 para o público em geral e R$ 25,00 para estudantes. Com tiragem limitada, o conteúdo volume também está disponível em versão eletrônica.

Texto Silvia Leão e Jimena Felipe Beltrão