Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Museu Goeldi retoma informatização do herbário institucional
conteúdo

Agência de Notícias

Museu Goeldi retoma informatização do herbário institucional

Patrocinada pelo projeto Reflora, coordenado pelo Inpa, a informatização prevê o registro fotográfico da coleção botânica do Museu e a disponibilização dessas imagens na internet para consulta facilitada
publicado: 24/01/2013 15h40, última modificação: 08/08/2017 11h53

Agência Museu Goeldi – Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) uniram forças para informatizar a coleção botânica do MPEG. Desde o dia 14 de janeiro, pesquisadores e bolsistas das duas instituições fotografam as exsicatas, amostras de vegetais desidratados, que compõem o Herbário “João Murça Pires” do Museu Goeldi, com o intuito de disponibilizar as imagens na internet e cruzá-las com as informações de outras coleções de plantas existentes na Amazônia. O esforço de informatização é patrocinado pelo projeto Reflora, coordenado pelo Dr. Michael Hopkins, pesquisador do Inpa.

Além de emprestar a mão de obra para a informatização, o Reflora cedeu o equipamento necessário para o registro fotográfico e, segundo a Dra. Ely Simone Gurgel, atual responsável pelo programa de informatização das coleções do Herbário e coordenadora do projeto REFLORA no estado do Pará, deve financiar mais dois bolsistas para acelerar o trabalho. Eles vão se somar à bolsista de apoio técnico responsável pela aquisição de imagens das exsicatas – registros de vegetais prensados e secos após a coleta pelos pesquisadores em campo. O trabalho é da mais alta importância já que, por falta de mão de obra, “o herbário do Museu é o único da Amazônia que não está totalmente fotografado”, informação prestada pela pesquisadora Ely Simone.

“O projeto Reflora está patrocinando para que o Goeldi agilize a aquisição de imagens”, diz a pesquisadora. Para a força-tarefa de informatização iniciado na semana passada, vieram pesquisadores e bolsistas do Acre, Rondônia e Roraima, além do Pará e de Manaus, onde estão sediados o Museu Goeldi e o Inpa, respectivamente. Eles estão fotografando as amostras e as etiquetas das exsicatas para, posteriormente, corrigir possíveis erros e reunir as informações num banco de dados que vai facilitar a consulta pelos estudiosos e interessados em flora amazônica residentes noutros estados.

Longa luta - O curador do herbário do Museu Goeldi, Dr. Ricardo Secco, relata os primórdios desse trabalho. “A informatização do acervo geral iniciou sob patrocínio da SUDAM e da agência britânica Department for International Development (DFID), em colaboração com a Embrapa Amazônia Oriental, através do software BRAHMS”.

A ação, à época, contou, segundo o curador, “com a participação de bolsistas e da servidora Ione Bemerguy, sob a minha coordenação”. Tarefa complexa, Ricardo Secco lembra que vencidas as dificuldades iniciais de treinamento para uso do software, a tarefa prosseguiu através dos Projetos “Dinamização, informatização e manutenção de coleções botânicas como instrumento de pesquisa da diversidade vegetal da Amazônia” e “Informatização e disponibilização  de coleções botânicas do Museu Goeldi”, aprovados pelo CNPq (PNOPG e Edital Universal), coordenados pelo próprio  Secco e com a colaboração de pesquisadores da Coordenação de Botânica do Museu e da Embrapa Amazônia Oriental.

Secco destaca que “Os tipos nomenclaturais foram todos informatizados e fotografados, sendo em grande parte certificados pela literatura”. O problema à época é que “não tínhamos ferramenta para disponibilizá-los on line”, informa o Curador. A disponibilização do acervo foi possível através de uma ação do Programa do Governo Federal voltados às pesquisas em biodiversidade, o  PPBio, através do Herbarium on line. A partir daí, a maior parte do acervo já informatizada, foi disponibilizada ainda que sem fotos, através do próprio Museu e com a colaboração do técnico Altenir Sarmento.

Disponibilização on line – Ely Simone espera que pelo menos um terço das 207 mil amostras existentes no herbário do Goeldi sejam digitalizadas até 25 de janeiro, quando se encerra a força-tarefa. Além de tornar as exsicatas acessíveis para outros estudiosos, evitando deslocamentos e abreviando tempo de pesquisa, a disponibilização dessas amostras na internet vai possibilitar a comparação entre registros semelhantes, mas abrigados em diferentes herbários. Isso viabiliza a correção de possíveis erros de identificação das espécies. “Nosso objetivo número um é auxiliar os trabalhos de revisão taxonômica”, acrescenta a botânica.

Organizado numa ação do PPBio Amazônia Oriental, o site Herbário MG on line (marte.museu-goeldi.br/herbario/) apresenta, atualmente, dados sobre as espécies Tipo e da família botânica Melastomataceae (gêneros: Miconia e Tococa). O REFLORA retoma esse processo de informatização. Graças ao projeto do Inpa, todas as fotografias das amostras disponíveis na coleção botânica do Museu Goeldi serão disponibilizadas. “Se houver dez amostras de mogno, por exemplo, todas as dez fotos vão serão disponibilizadas”, explica Ely Simone. Antes de serem disponibilizadas no portal do MPEG, as imagens das exsicatas do Goeldi podem ser conferidas no site do projeto Reflora, brahms2.inpa.gov.br/mpeg.

Projeto Reflora – Vinte herbários da Amazônia são beneficiados pelo projeto Reflora, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) no Amazonas e pelo Conselho do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) nos demais estados. Além do Inpa e do MPEG, participam do projeto instituições como Embrapa Amazônia Oriental; Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra); Universidades Federais de Roraima (UFRR), de Mato Grosso (UFMT) e do Acre (Ufac); e Instituto Federal do Amazonas (Ifam), dentre outras.

Previsto para durar quatro anos, o Reflora é mais uma etapa do processo de informatização dos herbários que remonta à década de 1970 e que já contou com outros projetos, como o Programa Flora, financiado pelo CNPq. Todos com o objetivo de integrar informações para viabilizar a qualificação desses dados. “A longo prazo, a ideia é melhorar a qualidade das identificações e organização das informações nos herbários para providenciar melhores maneiras de identificar as espécies”, diz Michael Hopkins sobre o Reflora.

Jacques Huber e Murça Pires – O Herbário Museu Goeldi foi iniciado em 1895 pelo botânico Jacques Huber e, à época, denominado Herbarium Amazonicum Musei Paraensis. O Herbário do Museu Goeldi contribuihá mais de século na identificação, catalogação e documentação da flora nativa da Amazônia.
Saiba mais sobre o Herbário do Goeldi.