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Na busca da conservação

Pesquisas buscam melhores condições para a conservação de acervos do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG). Ambiente amazônico pode ser de imenso risco para as coleções científicas.
publicado: 06/01/2014 13h15, última modificação: 22/08/2017 15h37

Agência Museu Goeldi - Em condições climáticas tropicais, a incidência de agentes que desequilibram ambientes favorece a rápida e contínua deterioração de materiais acondicionados de forma inadequada. Para acervos científicos, essas condições ambientais oferecem um risco ainda maior.

Jovens pesquisadoras da área da paleontologia e bolsistas de Iniciação Científica do Museu Goeldi desenvolvem trabalhos para descobrir as condições mais adequadas de conservação dos itens da coleção de fósseis do Museu.

Analisar as condições físicas e ambientais de armazenamento e conservação dos espécimes pertencentes à coleção de paleoinvertebrados do Museu Goeldi, a partir dos seus microambientes, foi tarefa da bolsista Doriene Monteiro Trindade, aluna do curso de Museologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), orientada pela pesquisadora Heloísa Maria Moraes Santos, da Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia (CCTE) do MPEG.
A coleção de paleoinvertebrados do Museu Goeldi é composta por mais de cinco mil exemplares fósseis de diferentes unidades geológicas da Amazônia. Analisar o espaço de armazenamento de itens se faz necessário para a identificação com princípios da Conservação Preventiva.
Conservação Preventiva - Conjunto de ações indiretas é executada em acervos museológicos para a preservação do acervo e para a proteção do patrimônio por meio da adequação do ambiente. A conservação preventiva como é conhecida a prática diminui os efeitos de agentes de degradação.
Mas para conservar é preciso estudar e encontrar formas adequadas a cada ambiente. Em “A conservação preventiva da coleção de paleoinvertebrados do Museu Goeldi”, Doriene Trindade analisou microambientes encontrados na coleção, que por estarem isolados do meio externo apresentam características distintas. Testes de monitoramento de temperatura foram realizados durantes dois meses. Os resultados apontaram para a estabilidade do microclima do acervo de paleoinvertebrados. Tal condição favorece a preservação dos fósseis, já que evita reações químicas que deterioram itens da coleção.
Reação que deteriora - Mais de 70 por cento da coleção de paleontologia do MPEG é composto por  exemplares da Formação Pirabas, unidade geológica das mais estudadas no Norte do Brasil e representativa de ambiente marinho. Amostras de material coletado no ambiente de armazenamento desses itens apresentam carbonato de cálcio (CaCO3), que favorece ataques da “Doença de Byne”, ácido corrosivo resultante da reação entre o carbonato de cálcio com vapores ácidos. Essa reação forma sais que dão aspecto de emboloramento ao fóssil, causando a perda de caracteres originais.
Christiane Godinho Santos, do curso de Museologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), bolsista de iniciação científica, trabalha sob a orientação da pesquisadora da Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia (CCTE) Maria de Lourdes Pinheiro Ruivo e desenvolveu pesquisa de “Diagnóstico de conservação preventiva: a Doença de Byne e os fósseis da coleção de paleontologia do Museu Goeldi”.
Para o trabalho foram analisados o macro e o médio ambiente do acervo, com atenção especial às condições estruturais, detectando sujidades e fazendo análise do mobiliário, da climatização e da superfície dos fósseis.
Segundo resultados do trabalho de Christiane Santos não foi detectada cristalização em itens da coleção e o ambiente climático mostrou média de temperatura e umidade relativa adequadas, -23,64°C e 51% respectivamente, padrões considerados seguros segundo os parâmetros da Conservação Preventiva.
Resultados - Ainda como parte da análise foi atestado que o mobiliário de aço inoxidável e esmaltado que compõe o ambiente do acervo é adequado já que não libera gases prejudiciais aos itens de coleção.
Mas foi detectado acúmulo de sujidades que por sua natureza química podem criar condições para o aparecimento da “Doença de Byne”.
Com a pesquisa foi possível concluir que a reserva técnica de paleontologia do Museu Goeldi atualmente atende a sua função de conservadora do patrimônio fossilífero da Amazônia, mantendo condições adequadas ao armazenamento de fósseis carbonáticos.

Texto: Júlio Matos, Agência Museu Goeldi
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