O Museu a serviço da sociedade

Agência Museu Goeldi – Ciência, meio ambiente e cidadania. Essa foi a tríade que moveu as ações educativas propostas pelo Serviço de Educação e Comunicação (SEC) do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e que aconteceram no fim de semana passado no Parque Zoobotânico. O tradicional espaço de lazer da capital paraense recebeu de braços abertos o público que há 118 anos o visita e se sente parte integrante da instituição. Além dos “Encontros em família”, foram apresentados os trabalhos desenvolvidos pelas turmas de 2013 do Clube do Pesquisador Mirim e a seringueira foi homenageada em mais uma Festa Anual da Árvore.

O sucesso do Clube do Pesquisador Mirim (CPM), projeto pioneiro do Museu Goeldi, é revelado na fala de Ivan Evanovich, de 12 anos: “Sou biólogo do Museu”. O garoto que está no Clube há três anos fcontou que ser pesquisador sempre foi um sonho, e sua mãe, Elizabete Evanovich, encontrou no CPM uma maneira de direcionar o desejo do filho, que adora animais. Ivan se sente parte importante da mais antiga casa de ciência da Amazônia, sentimento compartilhado pelo irmão e também pesquisador mirim, Andrey, de 9 anos.

No domingo, 31, aconteceu a cerimônia de formação das turmas de 2013 do Clube do Pesquisador Mirim e o Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, no Parque do MPEG ficou lotado de pais, avós, tios e amigos dos pequenos pesquisadores. O evento ainda incluiu participantes que acompanharam a solenidade para conhecer mais sobre o projeto e já inscrever seus familiares.

O educador Luiz Videira, que coordena o CPM, ao falar do Clube, que a cada ano atrai mais crianças e jovens, agradeceu parcerias importantes como as da Vale e do Instituto TIM. Em 2013, o Instituto TIM firmou convênio com o Serviço de Educação e Extensão para contribuir na confecção dos materiais finais de cada turma do CPM. Ano passado, os pesquisadores mirins confeccionaram seis produtos, entre kits e jogos educativos, que ampliam a lista dos mais de 100 materiais já desenvolvidos pelo Clube. Sobre o sucesso do Clube como proposta educativa, Videira aponta o bom desempenho dos instrutores – pesquisadores e técnicos do Museu Goeldi. Para a instrutora Edileusa Sodré, que foi bolsista do Clube em 1997 e em 2008 teve sua primeira turma, “é sempre um prazer participar do projeto”.

Ainda na solenidade, Luiz Videira relembrou a menção honrosa que o Clube recebeu em 2009 do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). O Prêmio Darcy Ribeiro é concedido anualmente a três pessoas ou entidades cujos trabalhos ou ações merecem especial destaque na defesa e promoção da educação no Brasil. Após a cerimônia, quem estava no Parque Zoobotânico pôde conferir os resultados das turmas de 2013 do CPM na Biblioteca Clara Maria Galvão. Os kits e jogos educativos desenvolvidos pelo Clube além de ampliar o acervo da biblioteca, contribuem em atividades do Goeldi como “O Museu vai à praia” e “O Museu vai à comunidade”.

A educadora, Hilma Guedes foi instrutora da turma “Meio ambiente e cidadania”, que no ano passado abordou as consequências legais que devem ser cumpridas por uma pessoa que desrespeitou o meio ambiente. A turma orientada por Hilma construiu uma cartilha onde são apresentadas as leis ambientais, de forma simplificada para que todos tenham acesso. O objetivo é popularizar a legislação ambiental. A pesquisadora mirim Milena Braga, 15 anos, contou que nesta exeperiência foi possível aprender conceitos de cidadania e observou que “é importante ter cuidado com nossas ações que geram problemas ambientais”. Hilma Guedes complementa: “há leis para tanto e o cidadão tem direitos e deveres há cumprir”.

Luiz Videira pontuou que os pais dos pesquisadores mirins também são  elementos fundamentais para o projeto, mas a participação deve ser espontânea. “Eles precisam sentir o interesse do filho e trazê-lo para uma avaliação”, conta Videira. Quem já tem o filho em contato com a ciência não esconde o orgulho e confirma o papel social que o CPM representa na sociedade. Para Guilherme Charchar, pai de um dos participantes do Clube do Pesquisador Mirim, “em contato com a ciência a criança pode ir mais longe”. A opinião é complementada por outro pai, Joel Armínio: “A visão da preservação do meio ambiente e a iniciação científica contribuem para o desenvolvimento intelectual futuro”.

De acordo com Lúcia Santana, chefe do SEC, ao trabalhar a vocação científica de crianças e jovens principalmente sobre temas amazônicos, quando é valorizada a realidade local, o Museu Goeldi cumpre seu papel na formação de recursos humanos.

Com 17 anos de atuação, o Clube do Pesquisador Mirim (CPM) é um projeto institucional que inicia crianças e jovens no campo da pesquisa, permitindo a elas um primeiro contato com métodos e técnicas científicas. Aproximadamente três mil participantes já passaram pelo CPM, de acordo com Luiz Videira. O coordenador continua acompanhando a trajetória de 20 ex-pesquisadores mirins, que hoje seguem em formação continuada por meio de cursos de pós-graduação no Brasil e no exterior. Além disso, muitos dos atuais instrutores do clube são ex-pesquisadores mirins.

Turmas 2014 – Já foi lançado o edital para o processo seletivo do Clube para 2014. São 120 vagas distribuídas em seis turmas. As inscrições estão sendo realizadas no Prédio da Biblioteca Clara Galvão, no Parque do Goeldi, e podem ser feitas até o dia 15 de abril. A seleção dos participantes será de 22 a 28 deste mês. A divulgação do resultado está prevista para o final do mês (dia 30). O anúncio dos classificados será feito através de cartazes afixados na Portaria do Parque Zoobotânico, localizada na travessa Nove de Janeiro, assim como no site do Museu Goeldi – www.museu-goeldi.br. Mais informações sobre o CPM pelo telefone: (91) 3219-3324. Acesse o vídeo com chamada para o CPM 2014, aqui.

Festa da Árvore – “Esta é uma festa em que nós do Museu Goeldi buscamos exaltar esse arboretum em meio ao caos da cidade grande. Diante de tanto verde desmatado temos muito a festejar por termos espaços como o Parque do Goeldi e o Bosque Rodrigues Alves, por exemplo. Nós temos de nos contrapor ao desmatamento, passando conhecimento sobre botânica, sobre conscientização ambiental a quem pudermos alcançar”, diz Vera Bastos, do Serviço do Parque Zoobotânico do MPEG.

A agrônoma Vera Bastos e a educadora Helena Quadros (SEC) foram as organizadoras de mais uma Festa Anual da Árvore, que este ano teve como homenageada a seringueira (Hevea brasiliensis), árvore-patrimônio da Amazônia e geradora de muita riqueza à região Norte do Brasil no final do século XIX e início do século XX. Segundo Vera Bastos, a seringueira será assunto de ações durante todo o ano, como forma de “incentivar a borracha da Amazônia”.

A Festa da Árvore é uma forma de atrair e recepcionar o público que visita o Parque do Goeldi. “Este é um momento de valorização do meio ambiente e da cidadania em prol do desenvolvimento de nossa região”, diz Lúcia Santana.

Na festa, o Museu homenageou pessoas que merecem destaque por sua boa relação com a natureza. Entre os quatro homenageados está a senhora Angélica Gilet. “Minha casa é uma mataria. Planto ervas de todas as qualidades, que acho na rua e levo pra casa. Sei dos chás que curam várias enfermidades”, conta Angélica, muito feliz pela homenagem.

Educação e diversão - Durante as comemorações, os estagiários do Núcleo de Visitas Orientadas (Nuvop) Endell Menezes e Luiz Renan Ramos apresentaram a “Trilha da seringueira”, um trajeto ecológico-educativo que proporciona aos visitantes conhecer mais a planta homenageada. A trilha possui quatro estações de visitas, pontos-chaves onde os guias do Nuvop – em sua maioria estudantes de biologia -, oferecem informações e explicam a necessidade de preservação.

A Trilha da seringueira já faz parte das inúmeras atividades propostas pelo Nuvop. Os grupos que quiserem participar devem fazer agendamento prévio junto ao Núcleo de Visitas Orientadas do Parque Zoobotânico. Os professores podem fazer inscrição de sua turma através do e-mail nuvop@museu-goeldi.br ou pelo telefone: (91) 3182-3249.

Texto: Júlio Matos