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Agência de Notícias

Pesquisadores nomeiam nova espécie de peixe em homenagem ao Museu Goeldi

Uma revisão do gênero Bairdiella, que abrange um grupo de peixes encontrados em águas costeiras e em estuários, numa área que vai do Atlântico ocidental ao leste do Pacífico, concluiu que a espécie Bairdiella rochus representa, na verdade, um complexo de espécies. É nesse complexo que se encontra a Bairdiella goeldi, uma nova espécie.
publicado: 11/06/2019 15h05, última modificação: 11/06/2019 15h10

Agência Museu Goeldi Bairdiella goeldi é uma nova espécie de peixe estuarino que ocorre no litoral do Brasil e seu nome presta uma homenagem ao Museu Paraense Emílio Goeldi. Ela foi descoberta com apoio de novas tecnologias e baseado em análises morfológicas e moleculares. Os cientistas que a revelaram investigaram um grupo de pequenos peixes que ocorrem em uma larga área do Atlântico ao Pacífico. A extensa revisão do gênero Bairdiella demonstrou que haviam mais variedades distintas escondidas no que era conhecida como uma única espécie – a Bairdiella rochus. Leia a íntegra do artigo publicado na revista científica Neotropical Ichthyology, publicação oficial da Sociedade Brasileira de Ictiologia.

Alexandre Marceniuk (Universidade Estadual Paulista), Eduardo Molina (Universidad Nacional Autónoma de México), Rodrigo Caires (Universidade de São Paulo), Matheus Rotundo (Universidade Santa Cecília), Wolmar Wosiacki (Museu Goeldi) e Claudio Oliveira (Universidade Estadual Paulista) são os pesquisadores responsáveis pelo estudo.

Revisão taxonômica e distribuição – O grupo identificou que a espécie conhecida como canganguá (Bairdiella ronchus), comum em regiões estuarinas e marinhas na costa brasileira, representava um conjunto de espécies. Utilizado regionalmente na alimentação de subsistência de comunidades costeiras, Bairdiella ronchus era encontrada do Golfo do México até o sul do Brasil.

Com as análises, os pesquisadores concluíram que ao longo de sua distribuição existiam três espécies diferentes: uma restrita à Província do Caribe até a Venezuela; outra no norte da Província do Caribe e no Golfo do México; e uma última na costa brasileira (do Pará a Santa Catarina). Os resultados da pesquisa levaram os cientistas a redescreverem a espécie original, Bairdiella ronchus. Além disso, foi validada outra espécie, a Bairdiella veraecrucis, e nomeada a nova espécie, a Bairdiella goeldi.

O pesquisador Alexandre Marceniuk destaca a importância de pesquisas sobre o conhecimento das espécies de peixes marinhos e estuarinos brasileiros. “Existe a necessidade de conhecermos as espécies que ocorrem na costa brasileira, pois, para conservarmos, necessitamos reconhecer quais são as espécies e suas distribuições. Embora existam muitos trabalhos com peixes marinhos e estuarinos brasileiros, necessitamos de um maior esforço para avaliarmos a real riqueza das espécies”, afirma Marceniuk.

Bairdiella goeldi.png

Homenagem – Com um comprimento padrão de 154 milímetros, o holótipo da espécie Bairdiella goeldi está depositado na Coleção de Ictiologia do Museu Goeldi. Atualmente existem cinco espécies de peixes que fazem referência ao zoólogo suíço que dá nome à instituição sediada em Belém (Pará), Emílio Goeldi (1859-1917): Trichomycterus goeldii (Boulenger 1896); Hemiodus goeldii (Steindachner 1908); Cheirocerus goeldii (Steindachner 1908); Galeocharax goeldii (Fowler 1913); Sternarchorhynchus goeldii (Santana & Vari 2010).

Bairdiella goeldi é a primeira espécie de peixe descrita em homenagem ao Museu Goeldi. Trata-se, certamente, de uma justa homenagem, pois o Museu Goeldi é uma instituição centenária, que gera conhecimento científico, em especial na área de ictiologia. Nos últimos 30 anos, o MPEG tem produzido uma grande quantidade de trabalhos de alta qualidade, voltados ao estudo dos peixes, com publicações em revistas de alto impacto, assim como tem formado pesquisadores que estão atuando em diversas áreas do conhecimento”, explica o pesquisador Wolmar Wosiack, um dos autores do artigo e atual curador da Coleção de Ictiologia do Museu Goeldi.

 

Texto: Agência Museu Goeldi com informações da Universidade Santa Cecília.