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Agência de Notícias

Por dentro da Amazônia: Aromas, animais e memória

Participantes do Museu de Portas Abertas passeiam pelo universo regional e conhecem um pouco mais do fazer científico das áreas de conhecimento a que se dedica o Museu.
publicado: 07/11/2013 10h30, última modificação: 22/08/2017 13h06

Agência Museu Goeldi – Outubro é o mês do aniversário da mais antiga Casa de Ciência da Amazônia Brasileira, o Museu Goeldi e as comemorações se estenderam com atividades especiais no Parque Zoobotânico, no Campus de Pesquisa e na Estação Científica Ferreira Penna.

Dentre as diversas atividades fizeram parte da programação um Workshop Internacional sobre Biodiversidadea Olimpíada de Ciências na Florestaa Gincana Minha Família no Museuuma peça teatral, várias palestras e uma mostra apresentada na Feira Estadual de Ciência e Tecnologia.

Nesse 2013, nos 147 anos do Museu, a instituição mais uma vez abriu suas portas para visitantes interessados na Ciência dos animais, das plantas e das gentes da região.

De cara com os animais – Os técnicos José Antonio Pena e Luis Augusto Quaresma, da Coordenação de Zoologia, apresentaram aos visitantes do Museu Portas Abertas a Entomologia, ciência que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relações com o homem, as plantas, os animais e o meio ambiente. As armadilhas que são levadas pelos pesquisadores a campo para fazer captura e coleta de animais foram expostas e ficaram ao alcance de olhares curiosos, que também puderam observar animais da Coleção Entomológica do Museu.

Luis Augusto Quaresma conta que o trabalho dos pesquisadores da entomologia é também de ordem médica, a exemplo do estudo minucioso de besouros, como da espécie Trypanossoma cruzi, o causador da Doença de Chagas.

Também da coordenação de Zoologia, o biólogo Fabrício Sarmento acompanhou visitantes no setor da herpetologia. Os visitantes puderam conhecer laboratório, salas de triagem, como se faz a catalogação dos animais que chegam ao Museu Goeldi, e principalmente, puderam entrar na rica e importante Coleção Herpetológica Osvaldo Rodrigues da Cunha, e ficar frente a frente com as mais de 90 mil espécimes catalogadas de répteis e anfíbios. A Coleção Herpetológica do Museu Goeldi é referência para estudos de fauna da Amazônia.

Aromas na Botânica – A coordenação de Botânica participou do Museu de Portas Abertas 2013 com seus pesquisadores e bolsistas que expuseram, entre outros, sobre a Fitoquímica, ramo da botânica que estuda os compostos de natureza química que são produzidos pelos vegetais.

A bolsista Lidiane Nascimento foi responsável pelo estande que mostrou ao público plantas aromáticas e como elas são estudadas para que sejam aproveitados os seus aromas e propriedades na produção de perfumes, fungicidas, e até nos banhos de ervas do tradicional mercado do Ver-o-Peso.

Os graduandos em Agronomia Breno Serrão e Gleyce dos Santos, bolsistas de iniciação científica do Museu Goeldi, apresentaram ao público anatomia vegetal aplicada para conferir a qualidade de produtos medicinais e inclusive possibilitaram aos estudantes a visualização em microscópio de estruturas vasculares, conteúdos celulares de plantas, como a copaíba (Copaifera langsdorffii).

Etnobotânica e sustentabilidade – Foram apresentados trabalhos que são feitos em comunidades tradicionais com o intuito de contribuir para que elas adquiram a consciência da diversidade de flora existente no meio em que elas vivem e compartilhar conhecimento sobre os recursos naturais que essas comunidades têm disponíveis, enfatizando a importância cultural e biológica desses elementos naturais para um uso cada vez mais sustentável da floresta.

Por dentro da memória da Amazônia – A Coordenação de Informação e Documentação mostrou a todos a missão e os serviços que são ofertados tanto pela Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, quanto pelo arquivo Guilherme de La Penha. Os visitantes puderam visualizar o precioso acervo de um importante centro de documentação da Amazônia, um ambiente essencial de pesquisa sobre a vida amazônica de ontem e da atualidade.

O arquivo Guilherme de La Penha abriu suas portas para expor documentos históricos, documentos que ajudam a preservar a memória da Amazônia. Entre os documentos, alguns datam dos anos de 1800 a quando da chegada do naturalista alemão Emílio Goeldi à Belém. Os documentos, muito bem preservados, além de lidos, puderam ser tocados pelos estudantes com o devido cuidado do uso de luvas e máscaras descartáveis.

No arquivo também foram expostos negativos em vidro, forma como se registravam fotografias antigamente. Doralice Romeiro e Pablo Borges  recepcionaram os estudantes em sua sala de trabalho.

Cultura indígena – Especialista em Antropologia, Graça Santana da Coordenação de Ciências Humanas, contou sobre a programação do setor que foi preparada para este Museu de Portas Abertas. Entre as palestras, Suzana Primo, servidora do Museu Goeldi e indígena da etnia Caripuna foi convidada para o evento e contribui apresentando objetos da cultura material indígena.

Dentro da temática indígena também aconteceram palestras sobre como se faz pesquisa de documentação de línguas indígenas, trabalho minucioso que garante  a  preservação do patrimônio linguístico de algumas etnias.
 

De portas abertas

A tradicional atividade Museu de Portas Abertas aconteceu este ano durante as comemorações de aniversário do Museu Goeldi. O evento reuniu mais uma vez todos os setores de pesquisa do Museu para dar acesso à sociedade a um contato mais próximo com o cotidiano da Ciência. A programação foi realizada em seis dias, três no Parque Zoobotânico e três no Campus de Pesquisa.

O Núcleo de Visitas Orientadas do Parque (Nuvop) do Museu Goeldi é o setor que realiza há quase 30 anos o Museu de Portas Abertas, iniciativa pioneira que permite o contato direto da sociedade com o cotidiano da Ciência e também com os profissionais que nela atuam. Os pesquisadores que trabalham no Campus de Pesquisa acompanharam de 29 a 31 de outubro estudantes de todos os níveis de ensino por um fascinante passeio pelas salas onde se faz Ciência. A cada “porta aberta”, saber e encantamento.

Abrir as portas do Campus de Pesquisa é mostrar para todos quem trabalha; com o que trabalha e o que se trabalha. Localizado na periferia da capital paraense, em um dos bairros mais populosos de Belém, muitos não tem noção da quantidade de atividades e pesquisas que acontecem dentro deste ambiente onde se respira Ciência. O Portas Abertas é uma oportunidade de mostrar para a própria comunidade do entorno da Avenida Perimetral, na Terra Firme, a importância da estrutura, a qualidade dos profissionais que ali atuam e o retorno que as pesquisas proporcionam para a sociedade, para a Amazônia, para a vida.

Helena Quadros, coordenadora do Nuvop e do Museu de Portas Abertas reitera a oportunidade única da sociedade, como um todo, sem distinção de idade e classe social, em conhecer a pesquisa realizada pelo Museu Goeldi.

 

Peça teatral encerra programação especial

Para encerrar a programação de aniversário do Museu Goeldi, aconteceu, no último dia 31, a apresentação da peça “Quem fica com a mamãe?”, no auditório Alexandre Rodrigues Ferreira.

A peça faz parte do Projeto “Potencialização e valorização do saber do idoso: uma proposta socioeducativa para a terceira idade” e retrata a situação de exclusão do idoso em ambiente familiar e reforça a importância da classe para o seio familiar bem como à sociedade.

O projeto é desenvolvido por Filomena Secco, da Coleção Didática do Serviço de Educação do Museu Goeldi em parceria com Izabel Cristina Videira, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e educadora física da Fundação Papa João XXIII, da Prefeitura de Belém.

Protagonista da peça Austregéssila Marques da Silva, 84 anos, diz se sentir acolhida e feliz por participar do projeto. Além da peça e conta radiante sobre os conhecimentos que são adquiridos nas oficinas que também são elaboradas e oferecidas pelo projeto, que conta com o apoio de pesquisadores e técnicos das áreas científicas da instituição.

Izabel Cristina Videira fala do ineditismo do projeto, a partir do momento em que uma instituição científica abre suas portas para receber idosos, que muitas vezes, quando chegam nesta fase da vida, acabam sem realizar qualquer tipo de atividade. O Projeto “Potencialização e valorização do saber do idoso: uma proposta socioeducativa para a terceira idade” é forma de também produzir Ciência e tornar seus participantes multiplicadores dela.

Serviço

Aos idosos que desejarem participar do Projeto “Potencialização e valorização do saber do idoso: uma proposta socioeducativa para a terceira idade” ou para aqueles que quiserem agendar apresentações da peça, basta entrar em contato com a Coleção Didática do Museu Goeldi, pelo telefone (91) 3182-3217.

 

Texto: Júlio Matos