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Portas abertas para descobertas

Nos últimos dias 22 e 23, edição especial do “Museu de Portas Abertas” ofereceu ao público uma programação especial de exposições, conversas e acesso ao acervo do Museu Goeldi
publicado: 28/09/2016 17h00, última modificação: 21/02/2018 16h11

Agência Museu Goeldi – Em 2016, ano em que o Museu Goeldi faz 150 anos, a tradicional programação “Museu de Portas Abertas” realizou uma edição especial em setembro. Foram dois dias (22 e 23) em que, apenas entre estudantes e professores de escolas, o Parque Zoobotânico do Museu Goeldi recebeu quase 700 visitantes.

O “Museu de Portas Abertas” é realizado geralmente no mês de outubro, tanto no Campus de Pesquisa quanto no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, com exposições, palestras, trilhas e atividades pensadas especialmente para este momento.

É uma oportunidade de conferir espaços e peças de coleções científicas cotidianamente acessíveis apenas aos pesquisadores. É também oportunidade de dividir conteúdos educativos pensados justamente para que todos tenham acesso a esse patrimônio.

Além de celebrar previamente o sesquicentenário da instituição – comemorado oficialmente em 6 de outubro – as atividades dos dias 22 e 23 também antecipam a “Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2016”. A semana acontecerá por todo o Brasil, de 17 a 23 de outubro, com organização do agora Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O Museu de Portas Abertas também esteve inscrito na “Primavera dos Museus”, temporada cultural promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus com apoio de instituições de todo país.

Exemplres das coleções didáticas de zoologia em exposiçãoProgramação – Ao longo dos dois dias de atividades no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, o público conferiu stands e atividades distribuídos desde a entrada do Parque Zoobotânico, em frente ao prédio do Pavilhão de Exposições Domingos Soares Ferreira Penna, a “Rocinha”, até o monumento do “Castelinho” e seus arredores.

Helena Quadros, coordenadora da programação, explica que essa foi uma mudança em relação a anos anteriores, quando o Museu de Portas Abertas no Parque era realizado no Espaço Raízes, também conhecido como bambuzal do Museu Goeldi.

“Achamos que tem sido positivo, pois o público entra no Parque e dá logo de cara com os kits do Clube do Pesquisador Mirim, segue para conferir a exposição da Biblioteca Clara Galvão e exemplares das coleções das Coordenações de Zoologia e de Botânica – que trouxe uma atividade de pesca de frutos regionais que está sendo o maior sucesso. Tem ainda a mostra de brinquedos e experimentos movidos a energia solar, do Coletivo Jovem de Meio Ambiente do do Pará”, pontua Helena.

Aprendizado – Quem fizesse o caminho relatado por Helena Quadros encontraria, de primeira, os cinco kits educativos produzidos pelos membros do Clube do Pesquisador Mirim do Museu Goeldi, abordando temas como a fauna do Parque Zoobotânico, peixes amazônicos, consumo consciente e arqueologia. Os visitantes eram apresentados aos materiais por técnicos e alunos do Clube.

Explicando o kit “Separe o seu lixo, a mudança tá na mão”, na manhã do dia 22, estava Marcos Breno, de 16 anos. Desde os 11 anos Marcos é aluno do Clube do Pesquisador Mirim, o que possibilitou sua participação em outras edições do Museu de Portas Abertas.

Marcos destaca que o trabalho esse ano tem sido de muito aprendizado e o público muito variado. “Já conversei com universitários e crianças, pessoas de Belém e de Salvador, gente de várias idades. A cada ano a gente trabalha com um tema diferente. Todo ano aprendo novas coisas. É muito bom, pois me ajuda muito no Museu e fora, no colégio. O Museu é bom pela parte ambiental e também tem exposições, como a Festa do Cauim. Então abrange também a área humana”, explica Breno.

Coleções – Já alguns degraus acima de onde estava Breno, no que poderia ser o sombreado salão imaginário do “Castelinho” - monumento inaugurado em 1901, simulando as ruínas de um castelo, mas que na verdade abrigava a caixa d’água do Parque – estava o carrinho da leitura da Biblioteca Clara Galvão, com as principais publicações do Museu Goeldi.

Estavam também alguns exemplares da coleção de herpetologia, e exemplares taxidermizados de cobras, lagartos e outros animais da coleção didática do Museu Goeldi. Como expositoras da Coordenação de Zoologia, estavam Izadora Costa, graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Pará (UFPA), e Karla Costa, formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Entre os temas conversados pelas duas com os visitantes, estavam as diferenças entre a conservação dos exemplares para a pesquisa e para exposição e também curiosidades, como animais que parecem cobras, mas na verdade são lagartos. “Às vezes as pessoas matam esse animal [Amphisbaena amazonica] achando que ele representa perigo, e na verdade ele é inofensivo. E mesmo que representasse, trabalhamos para que as pessoas vejam que nenhum animal é mau”, explica Karla.

Karla já havia tido oportunidade de atividades de educação e divulgação no Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus, mas Izadora participa de atividades assim pela primeira vez. “Vim pela experiência, porque como faço bacharelado, fico mais no laboratório, sem tanto contato humano. Queria muito que meu curso proporcionasse mais essas experiências. Achei que seria difícil lidar com o público, mas até agora está sendo tranquilo”, avalia.

Kits do Clube do Pesquisador Mirim foram atraçãoDescobertas – Thaís Monteiro e sua mãe, Gracyra Toledo Piza, são de São Paulo e também visitaram o Museu de Portas Abertas na manhã do dia 22. Elas nunca tinham vindo até o Museu Goeldi. Thaís mora há nove meses na cidade, e aproveitou a primeira visita da mãe a Belém para trazê-la ao espaço;

“Já tinham me dito que era um espaço muito rico. Não sabia que [as coleções] estariam assim, expostas hoje. Achei bem legal. Foi bom pra eu conseguir mostrar alguns insetos que aparecem em casa e ela não acredita”, ri Thais, referindo-se aos exemplares da coleção de entomologia expostos sob a sombra das árvores. Já Gracyra diz que estava ansiosa para visitar o Museu Goeldi e o centro histórico de Belém. “Faz parte da nossa história, precisamos conhecer. Um país sem história não é nada”, afirma.

Durante o Museu de Portas Abertas, também foram realizadas edições da trilha “Afro Amazônicos e seus Símbolos”. A estudante de Ciências Biológicas da Universidade da Amazônia (UNAMA), Miriam Ferreira da Silva, estava muito interessada em aprender mais sobre o tema da trilha: a importância ritual e cultural de árvores do Parque para nações de origem africana que habitam a Amazônia.

“Eu nunca tinha tido a essas informações de maneira tão completa e acho interessante quando a monitora diz que muitas das informações da trilha não estão em livros, foram coletadas as partir de conversas e entrevistas com membros desses povos. É importante [pra formação acadêmica], porque Biologia não mexe só com planas, com animais. Fala da relação do ser humano com a natureza. Dependemos da natureza e a natureza depende da gente”, pondera Miriam.

Tainah Jorge, bolsista do Serviço de Educação do Museu Goeldi e guia da trilha, explica a importância das atividades de educação informal como as realizadas na instituição “Nessa informalidade, às vezes você absorve mais do que ‘dentro da caixa’. Acho riquíssimo, inclusive por conta do momento da educação que vivemos hoje. Acho que a educação informal pesa ainda mais seu papel, porque ela vai ter que cumprir determinados vácuos que possivelmente a educação formal venha a ter”, opina.

Portas Abertas – Em 1985, já fazia alguns anos que o Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi estava instalado no bairro da Terra Firme, concentrando continuamente laboratórios e coleções científicas que por quase 100 anos funcionaram em um dos espaços mais queridos de Belém, o Parque Zoobotânico da Av. Magalhães Barata.

Para que as portas desse novo espaço também pudessem estar abertas, principalmente para a população de seu bairro sede, a educadora Helena Quadros e a equipe do Museu Goeldi criaram o Museu de Portas Abertas, um evento em que escolas e demais visitantes podiam conferir o patrimônio científico e cultural da instituição científica mais antiga da Amazônia.

Desde então, o “Museu de Portas Abertas” é realizado geralmente no mês de outubro, tanto no Campus de Pesquisa quanto no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, com exposições, palestras, trilhas e atividades pensadas especialmente para este momento. A próxima edição do Museu de Portas Abertas acontece no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, em outubro, e as escolas interessadas já podem entrar em contato para agendamento com o Núcleo de Visitas Orientadas do Museu Goeldi pelo telefone 3182-3249.

Texto: Uriel Pinho