Agência de Notícias
Vinte anos de Estação Científica “Ferreira Penna”
Agência Museu Goeldi –Já é de praxe editar um jornal sobre as grandes águas de cada mês de março da vida amazônica. Em 2013, a edição deste mês é dedicada à Estação Científica “Ferreira Penna”, base do Museu Paraense Emilio Goeldi no arquipélago do Marajó. O Destaque Amazônia faz a cobertura de pesquisas desenvolvidas em Caxiuanã, mas dessa vez está voltado ao Plano de Manejo aprovado em 2012 e às atividades de educação do Programa Floresta Modelo.
Seguindo as trilhas dos rios que levam para a Estação Cientifica “Ferreira Penna”, em Caxiuanã, no Marajó, Pará, e sendo recebido por meninos e meninas, oDestaque Amazônia, informativo
bimestral do Museu Goeldi, instituto de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), relata a importância de um trabalho prestes a completar,em outubro de 2013, vinte anos de atividades, mas que poucos conhecem sua realidade, história de trabalho e conquistas.
Em uma viagem de 5 dias, durante o mês de outubro de 2012, os jornalistas Jimena Felipe Beltrão e Antônio Fausto, do Museu Goeldi, puderam ver e sentir a verdadeira vida ribeirinha, interiorana, dessa gente que sobrevive na margem do rio, no qual o transporte mais comum é o barco, e que mora ao redor da Estação. “A intenção da Estação Científica “Ferreira Penna” era identificar a faixa de floresta com ecossistemas diversos que se prestasse a estudos de longa duração”, relembra o jornal ao contar o início da construção da base de pesquisa.
Um trabalho de muitos esforços - Graça Ferraz, coordenadora de Caxiuanã, assina o texto da página 2, junto com Jimena Felipe Beltrão, no qual fala sobre como foi definida a área para a Estação, além de ser aquele o recanto escolhido a se preservar: “Entraram os esforços em prol da construção de um Programa em conjunto com os moradores da Flona que refletisse os anseios das pessoas que ali viviam e que conciliasse a capacidade do Museu Goeldi com a expectativa dos municípios onde se localiza a Flona Caxiuanã: Melgaço e Portel. O resultado foi o Programa Floresta Modelo de Caxiuanã cujo eixo central é a educação”.
Para a coordenadora, resta a gratidão pela divulgação desse trabalho no jornal: ’O Destaque Amazônia realmente está um Destaque para o Marajó-Caxiuanã. Irretocável!!!”
Os textos, muitas vezes, nos levam juntos nessas descobertas, nesses caminhos percorridos. Outras vezes, a emoção toma conta de suas linhas quando
descreve as dificuldades relatadas por aquela gente. “Mas o fato é que as terras e as gentes de Caxiuanã existem com seus próprios meios ainda que, muitas vezes, só de meias, sem sapatos. Se faltam sapatos, faltam remédios como o soro antiofídico contra picadas de cobras que, de janeiro a maio, em tempo de chuva tornam os caminhos mais perigosos. São até 14 horas até o primeiro sinal de socorro: o posto de enfermagem da Estação Científica mantida pelo Museu Goeldi”, conta Jimena Felipe Beltrão, na página 3 deste jornal.
Mesmo com ausência de recursos materiais, essa gente não perde a vontade de viver, de realizar, de conquistar. É ai que entra a importância do trabalho de cada voluntário do projeto, do esforço em comum de cada um que faz acontecer. “Tem pessoal para organizar a partida e a chegada; tem material escolar para separar e distribuir e ser justo na separação e distribuição dos lápis, da cartolina, do papel almaço, dos tecidos, materiais que ajudam na demonstração de criatividade de estudantes e professores”, relata a jornalista que esteve presente na I Feira de Ciências da Floresta Nacional de Caxiuanã.
Plano de Manejo - Antônio Fausto, que assina a matéria de capa, reporta a trajetória do Plano de Manejo da Floresta Nacional de Caxiuanã, previsto desde 1961 e finalmente elaborado e aprovado no final de 2012. “Preparado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com base nas informações científicas fornecidas pelo Museu (...), o Plano reúne as diretrizes necessárias para que a ciência, populações tradicionais e empresas conheçam as possibilidades de atuação dentro da Flona”, relata o jornalista.
Antes de ser aprovado, o Plano de Manejo da Flona foi debatido junto a moradores, representantes da sociedade civil organizada e governantes dos municípios marajoaras de Portel e Melgaço. Integrantes do Conselho Consultivo da Floresta Nacional de Caxiuanã aprovaram o Plano em reunião com representantes do Museu e do ICMBio em setembro de 2012. As atividades econômicas ambientalmente sustentáveis “é a melhor estratégia para o desenvolvimento econômico das comunidades da Flona”, segundo Graça Ferraz.
Quem é essa gente? - Não é a toa que a manchete do jornal é: Gente na Floresta, Gente da Floresta. Essa gente, da qual o jornal bem relata, vive da farinha, do peixe, do açaí, da castanha, que luta pelas suas memórias e história. Gente que se mobiliza por uma causa, que ajuda uma comunidade cheia de lembranças e cultura, mas também que tem muita necessidade. Jimena Felipe Beltrão reforça, na matéria final Gente que faz a floresta, a força e a simplicidade dessa gente: “Uma brava gente brasileira, às vezes esquecida pelo poder constituído. Uma gente valente que, no mais das vezes, só conhece a vida ribeirinha...”
O jornal Destaque Amazônia revela em suas páginas que são cerca de 500 moradores, divididos em cinco comunidades, e quase metade é composta exclusivamente por crianças. Nas manifestações artísticas aos trabalhos da I Feira de Ciências da Floresta Nacional de Caiuxanã; do telejornal com âncoras mirins que falam sobre a apreensão de madeira explorada ilegalmente e sobre a poluição dos rios aos estudantes das dez escolas da floresta, as crianças são encontradas em quase todos os relatos e são para elas muito dos esforços do projeto.
Destaque Amazônia – Primeiro jornal de divulgação científica da Amazônia teve sua versão reeditada em 2008 quando trouxe uma nova proposta de diagramação, mantendo conteúdo de relevância para a região amazônica e para o Museu Paraense Emílio Goeldi.
Trabalho feito pela equipe do Serviço de Comunicação Social (SCS) do Museu Goeldi, o jornal bimensal, também está disponível gratuitamente no site da instituição. O produto da Agência Museu Goeldi é uma parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Para entrar em contato com a equipe do jornal, enviar e-mail para: destaqueamazonia@museu-goeldi.br.
Texto: Silvia de Souza Leão