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Agência de Notícias

Obra rara é restituída ao Museu Goeldi

Após seis anos de busca, a instituição brasileira reaveu sua publicação graças à consciência de um livreiro de Nova York, que recebeu o livro, desconfiou da procedência e acionou a polícia
publicado: 20/03/2014 15h30, última modificação: 28/08/2017 13h21

Agência Museu Goeldi – Na última quarta-feira (19), a obra rara recuperada pela Polícia Federal foi devolvida ao Museu Paraense Emílio Goeldi. A entrega foi feita pelos delegados Adalton Martins (PF - Brasília) e Bruno Benasuly (Superintendência Regional) ao Diretor do MPEG, Nilson Gabas Jr., e à chefe da Coordenação de Informação e Documentação, Astrogilda Ribeiro, em cerimônia realizada na Biblioteca Domingo Soares Ferreira Penna. 

Imediatamente, a curadora do acervo Berenice Barcelar, avaliou a publicação e constatou danos ao patrimônio: capa original cortada, manchas de umidade, carimbos cobrindo a marca d'água do MPEG, entre outros detalhes. Ela ainda será detidamente analisada e passará por uma higienização.

Na ocasião, os delegados conheceram o atual espaço de guarda do acervo de obras raras. Eles anunciaram que as investigações estão sendo retomadas, com ajuda da  Federal Bureau of Investigation (FBI), e que todas as hipóteses sobre o roubo estão sendo consideradas. 

Recuperação - No dia 11 de março a Polícia Federal brasileira comunicou ao Museu Goeldi que foi achada nos Estados Unidos uma das edições roubadas em 2008 da Coleção de Obras Raras da Biblioteca Ferreira Penna.

Segundo o delegado Adalton Martins, o volume foi encontrado em Nova York por um livreiro que comprava obras raras e desconfiou quando foi oferecida a publicação. O especialista da galeria Swan entrou em contato com as autoridades brasileiras, que, então, tomou medidas para restituir o patrimônio ao Museu Goeldi.

Furto - O Museu Goeldi descobriu o furto durante um treinamento para manuseio e curadoria das coleções no dia 17 de dezembro de 2008, ao final do expediente. Imediatamente o fato foi comunicado à chefia do setor, à então Diretora do MPEG, Ima Vieira, e à Polícia Federal.

No dia seguinte, três delegados da Polícia Federal iniciaram a investigação do caso, com a instauração de inquérito policial, no qual participaram servidores, funcionários, bolsistas e terceirizados do Museu. A instituição também estabeleceu uma sindicância interna e notificou os órgãos competentes que atuam no combate ao comércio ilegal de obras raras.

Na ocasião da descoberta do furto de obras raras, o Museu Goeldi tinha obtido recursos para instalação de uma sala cofre para a guarda do acervo.

A obra - Trata-se do Rerum Medicarum Novae Hispaniae, escrito em latim por Francisco Hernandez, em 1628. Francisco Hernandez foi um médico e botânico espanhol, pioneiro no estudo da saúde no novo continente. A publicação recuperada trata da flora mexicana, detalhando as plantas medicinais. Resultou da Expedição Espanhola de História Natural do Novo Mundo, que foi encomendada por Dom Felipe II da Espanha e realizada de 1570-1577, especialmente no México. Os originais da expedição ficaram guardados na Biblioteca El Ecorial da Espanha, que foi destruída em 17 julho de 1871 por um incêndio, consequentemente todos os originais foram perdidos. Felizmente, todo o material da expedição havia sido publicado no Rerum Medicarum Hispane Thesaurus, em 1826.

Rerum Medicarum Novae Hispaniae é um in folio – método de impressão feito em uma folha impressa dobrada ao meio – que pertence à Coleção de Obras Raras da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna.  A publicação, cujo valor estimado é em torno de US$ 200.000,00, fazia parte de um conjunto composto por 40 in folios e 20 livros roubados em 2008, que foram produzidas nos séculos 17, 18 e 19.

Um espaço valioso - Idealizada por Domingos Soares Ferreira Penna e concretizada em 1894 por Emílio Goeldi, a biblioteca atende aos pesquisadores da instituição e aqueles encaminhados por instituições conveniadas, além de alunos de Pós-Graduação. Junto com o Arquivo do Museu Goeldi, tem por objetivo reunir, tratar, organizar, conservar todo o material bibliográfico que se encontra sob sua guarda e difundir as informações nele contidas. Referência nas áreas de atuação do MPEG: Antropologia, Arqueologia, Botânica, Ciências da Terra, Ecologia, Linguística, Zoologia relacionados à Amazônia, a Biblioteca atende público especializado e de caráter acadêmico e científico. Seu acervo é composto por livros, periódicos, folhetos, separatas, mapas, CDs, fotografias, filmes, fitas e microfilmes.

Atualmente está localizada no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi (MPEG), situado na Avenida Perimetral, em Belém-PA. Após uma reforma recente, reabriu para o público no dia 15 de abril de 2013 para a satisfação de estudantes, mestres e doutores, que buscam apoio no acervo para realizar pesquisas acadêmicas.

De acordo com Astrogilda Ribeiro, chefe da Coordenação de Informação e Documentação (CID) do Museu Goeldi, a instituição tem cerca de três mil obras essenciais e raras acondicionadas em uma sala cofre. Os usuários interessados em consultar o acervo têm que preencher uma série de requisitos. “Identificar-se previamente ao curador, e, ao ser aprovado seu pedido, preencher um formulário com dados documentais”.

Uma praxe da instituição sempre foi orientar e oferecer material adequado para manuseio desse tipo de obra. “O visitante recebe luvas, máscaras e recomendações de restrições a fotografar, filmar, etc. e o tempo todo está acompanhado por um servidor até terminar sua consulta”, lembra Astrogilda.

Texto: Silvia de Souza Leão

 

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